A taxa de pessoas analfabetas teve uma redução insignificante de 2007 para 2008, passando de 10,1% para 10%, o equivalente a 14,2 milhões de pessoas com mais de 15 anos que não sabem ler e escrever um bilhete simples. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad), divulgada hoje (18) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Para o ministro da Educação, Fernando Haddad, o resultado é surpreendente, porque mostra que a taxa caiu muito pouco. Ele destacou um aumento de 140 mil analfabetos entre as pessoas com mais de 25 anos, especialmente no Sul e no Sudeste, o que para ele não é algo compreensível. É um dado estranho. Supostamente, é como se pessoas que se declararam alfabetizadas em um ano se declarassem analfabetas no [ano] seguinte.
Para o coordenador da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Daniel Cara, acelerar a queda do analfabetismo depende de medidas que atraiam os adultos para escola, além do combate às desigualdades sociais e raciais. Segundo ele, os programas atuais já atingiram os objetivos e precisam de renovação.
As estratégias não conseguem mais surtir efeito, afirmou. Mesmo em São Paulo, o estado mais rico da Federação, há um grande contingente de analfabetos. As pessoas não acreditam que podem voltar ao mundo do conhecimento. Para alcançá-las são necessárias campanhas, mais recursos e uma gestão melhor, acrescentou Daniel Cara.
A Pnad também constatou o analfabetismo entre as crianças em idade escolar, de 10 a 14 anos, que já deveriam ter aprendido a ler e escrever. Entre elas, o índice alcançou 2,8% do total de brasileiros nessa faixa etária. A redução é 0,3 ponto percentual em relação aos dados de 2007.
No Nordeste, a taxa de analfabetismo entre as pessoas com mais de 15 anos (19,4%) é quase o dobro da média nacional. Segundo a Pnad, nessa região, o índice de crianças entre 10 e 14 anos que não sabem ler e escrever supera a taxa verificada no Sul e no Sudeste. Por outro lado, foi também o Nordeste que registrou a maior queda no percentual de analfabetos: de 19,9% em 2007 para 19,4% em 2008.
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