Desde esta sexta-feira a Amazônia brasileira está mais conectada ao mundo graças a uma nova antena que levará conexão à internet de banda larga e tecnologia celular de terceira geração para cerca de 20 mil pessoas de comunidades do Pará, no norte do país.

A antena que entrou em operação nesta sexta-feira foi instalada em 12 de outubro como um teste na pequena Belterra, município de quase 13 mil habitantes que até agora vivia isolada, sem conexão móvel e nem internet, em meio à selva amazônica.

A iniciativa foi desenvolvida pela operadora de celular Vivo, uma joint venture da Telefónica e Portugal Telecom, e a sueca Ericsson, como parte de um projeto maior de inclusão digital realizado com a ONG Projeto Saúde e Alegria, que há 22 anos atua para combater o isolamento da região, entre outros aspectos.

Segundo a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), até o ano passado a exclusão digital atingia 1.836 dos 5.557 municípios do país.
De acordo com o superintendente de Serviços Privados do organismo, Jarbas Valente, o número reduziu no último ano caindo para 400 municípios não atendidos, os quais deveram sair do isolamento digital até abril de 2010.

O desafio é ainda maior na Amazônia legal (Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins), onde, conforme o relatório do Unicef, existem ainda 90 mil adolescentes analfabetos e aproximadamente 160 mil crianças com idades entre 7 e 14 anos fora do colégio.

“Não se trata de fazer caridade, mas de dar ferramentas para que estas comunidades depois consigam se sustentar”, explicou a presidente da Ericsson no Brasil, Fátima Raimondi, que assegura que “levar a comunicação aos lugares melhora as condições de vida”.

Para Raimondi, iniciativas como estas ampliam a autonomia das comunidades amazônicas e diminuem sua dependência, além de aumentar seu poder de negociação “porque sem conhecimento e educação não têm meios para negociar”.

A empresária aproveitou para desmentir o que, segundo ela, são rumores sobre uma hipotética falta de interesse da população pelas novas tecnologias e apontou que imediatamente após a colocação das antenas o povo começa a utilizá-las. “Não é por falta de dinheiro que as pessoas não estão conectadas, mas de acesso”, afirmou Raimondi.

A nova Estação de Rádio Base (ERB) de Belterra, com um rádio de ação de até 60 quilômetros, iniciará um serviço de monitoramento da região que atuará fundamentalmente nas áreas ambientais e de saúde. Com este equipamento será possível obter maiores informações sobre a região, como índices de qualidade de vida.

Conforme a presidente da Ericsson, a tecnologia ajudará a unir a função social da estação com a ambiental, no que se refere à luta contra o desmatamento da Amazônia.

Diante disso, as autoridades locais expressaram a necessidade de preservar a identidade das comunidades e o desafio de “integrar-se ao mundo permanecendo amazônico”.

Um novo desafio, sem dúvida, para uma região que luta por não ficar à margem da situação de prosperidade e crescimento que experimenta o país nos últimos anos.


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Amazônia brasileira luta contra isolamento com inclusão digital

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