A histórica Torre de Belém, um dos monumentos mais simbólicos de Lisboa e que ontem serviu de pano de fundo para a abertura da XIX Conferência dos países Iberoamericanos, ganhou roupa nova hoje.

Ativistas do Greenpeace escalaram a Torre e penduraram duas faixas com a mensagem “Nosso Clima, Sua Decisão” escritas em português e espanhol. As mensagens têm como objetivo chamar a atenção dos líderes internacionais presentes à reunião, que acontece hoje e amanhã em Estoril, para que tratem as mudanças do clima como tema prioritário da agenda, além de cobrar compromissos claros e ambiciosos para serem levados a Copenhague.

A sete dias do início da Convenção de Clima da ONU, em Copenhague, os líderes reunidos no Estoril deixaram as mudanças de clima fora da agenda principal. O encontro de alto nível reúne 22 países Iberoamericanos e conta com a presença de 14 chefes de estado, dentre eles os presidentes Lula e os primeiro-ministros Sócrates, de Portugal, e Zapatero, da Espanha. O tema do aquecimento global foi relegado a um encontro paralelo de empresários.

Com este protesto pacífico, há menos de 25 km de onde ocorre o encontro, o Greenpeace pede que se observe o exemplo dado na semana passada pelos países da América Central,. No dia 20 de novembro eles assinaram uma posição comum de clima que cobra dos países desenvolvidos o compromisso com metas ambiciosas e legalmente vinculantes de redução de 45% das emissões até 2020, tendo como ano-base 1990, para manter o aumento da temperatura média abaixo de 1,5ºC. Também cobram o compromisso com aportes financeiros para que os países em desenvolvimento possam reduzir suas emissões e zerar o desmatamento.

“Nós precisamos ver esta liderança ser exercida no encontro dos países Iberoamericanos, principalmente pelas nações industrializadas do grupo. Zapatero e o primeiro-ministro Sócrates devem se posicionar em nome do grupo e fazer frente a União Europeia, adotando as demandas dos países da América Central por reduções ambiciosas de emissões e compromissos financeiros”, disse Aida Vila, coordenadora da campanha de clima do Greenpeace Espanha. “Desta maneira estarão desafiando o presidente Obama a aumentar o seu ainda ínfimo nível de ambição em relação às reduções de emissões e compromissos financeiros.

“Este encontro pretende tratar de dois temas, “inovação” e “conhecimento”, que são elementos chave para se lidar ou evitar um caos climático. Deixar um tema tão importante para ser discutido somente por um grupo de corporações significa fechar os olhos para o assunto mais importante de nossa era. Especialmente quando “inovações” serão muito necessárias para mudar os padrões de desenvolvimento, tanto nos países ricos quanto nos emergentes”, disse João Talocchi, coordenador da campanha de clima do Greenpeace Brasil.

O Greenpeace também exige que o presidente Lula exerça sua influência na reunião, conseguindo suporte para um mecanismo financeiro, baseado principalmente em um fundo global, que permita a países como o Brasil, Indonésia, Congo e Papua Nova Guiné protegerem suas florestas e acabar com o desmatamento até 2015.

O Greenpeace considera que um acordo legalmente vinculante deva ser o resultado das negociações em Copenhague. “Isso é não somente possível, mas parte crucial do desafio de se evitar mudanças climáticas catrastóficas. O único ingrediente que falta para um resultado de sucesso é vontade política dos países desenvolvidos”, disse Gustavo Ampugnani, Coordenador de Políticas de Clima para a América Latina do Greenpeace Internacional.


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A uma semana de Copenhague, Greenpeace insiste que líderes Iberoamericanos dêem prioridade às mudanças do clima

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