Vocalista, compositor, violeiro, violonista, pianista, gaitista, sanfoneiro e guitarrista. Todos esses adjetivos não são suficientes para cobrir todas as qualidades de Patrick Wolf, mesmo porque ainda estou devendo dizer que o cara toca ukelele, harmonica, percussão, violino e ainda opera programações eletrônicas.

O prodígio de 26 anos está em franca ascenção a caminho do posto de novo “gênio britânico da música” e vislumbra grandes projetos em sua carreira curta porém versátil, apaixonante e eclética. Passeando entre o pop eletrônico, o folk tradicionalista e o que a iTunes Store chama de “adulto alternativo”, o multi-instrumentista está ganhando cada vez mais fãs e respeito da crítica internacional com seus trabalhos mais recentes.

Agora Wolf vem ao Brasil em novembro para conquistar muitos fãs no país ao se apresentar no aguardado festival Planeta Terra, ao lado de grandes nomes como Metronomy, Maximo Park, Iggy Pop, Primal Scream e Sonic Youth.

Conversamos com o grande compositor pelo telefone, que durante uma corrida dentro de um taxi falou com o Virgula Música sobre o futuro, o festival e até sobre o triste incidente ocorrido durante um show da Madonna em Londres, quando Wolfe foi expulso pela segurança do evento simplesmente por estar aos beijos com seu namorado.

Virgula – Conta pra gente como você está se sentindo em vir para o Brasil. O que você espera sobre seu show aqui?

Patric Wolf – Ah sim! Muita expectativa para tocar no Brasil. Desde sempre que ouço falar das pessoas, da energia vibrante dos shows, da plateia calorosa. Todo mundo me diz que os fãs brasileiros são quentes. Estou ansioso e feliz por poder chegar ao país pela primeira vez.

Virgula – Você vai dividir o palco com o Sonic Youth, Primal Scream e Iggy Pop. Tem algum desses shows que você não pode perder?

Patrick – Sem dúvida! Não posso deixar de ver o Iggy. Ele é a história viva. Espero ter a chance de ver os outros artistas também. É tudo uma questão de tempo. Mas adoraria me misturar no público para poder ver esses caras no palco.

Virgula – Não sei se você sabe, mas o Planeta Terra vai acontecer em um grande parque de diversões no meio da cidade chamado Playcenter…

Patrick – Sério? (risos) Que incrível! Eles tem grandes montanhas russas lá?

Virgula – Sim! Divertido, não? Você gosta de parques temáticos? Já tocou em algum lugar assim?

Patrick – Oh sim! Eu amo montanhas-russas. Já viajei muito para andar nesses grandes brinquedos pelo mundo. Mas essa será uma primeira para mim. Já toquei em festivais que tinham parques em seus limites, como Benicassim e Glastonbury, mas nunca toquei em um parque propriamente dito. Vai ser divertido.

Virgula – Você é um talento muito precoce e tem colecionado fãs pelo mundo desde o lançamento de Wind In The Wires, em 2005. Você se lembra porque começou a tocar?

Patrick – Essa é difícil! (risos) Eu não sei muito bem. Eu toco desde que me entendo por gente. Acho que comecei efetivamente aos 8 anos de idade. Minha família era bastante musical e acho que essa foi a maneira que eu encontrei para me expressar. Eu arrumei um emprego aos 16 anos e vi que aquilo era muito chato (mais risos). Eu não via outra opção para mim. Eu já era um músico desde meu nascimento. Só assim eu podia mostrar meu lado humano para as pessoas.

Virgula – Você ainda lembra como tocar a primeira música que você escreveu?

Patrick – Sim! Era uma música com um violão meio flamenco, mas muito simples. Era a história de um garoto que escalava uma torre para escapar do resto do mundo… Se chamava We All Go Around ou alguma outra coisa parecida, muito piegas (risos). Tem tudo a ver com como eu me sentia na época. Eu tinha muitas coisas das quais escapar. A música também falava sobre as mudanças das pessoas, que é uma temática que eu explorei por bastante tempo.

Virgula – Eu realmente não sei como são os seus fãs no Reino Unido, mas por aqui a sua música é muito apreciada por pessoas ligadas à publicidade e criadores de tendências ligados à comunicação. Você se liga em publicidade?

Patrick – É mesmo? Eu não fazia nem idéia disso! Esse é um fato bastante estranho! (muitos risos)

Virgula – É verdade! Você se sente conectado com o mundo da publicidade? É um assunto que te interessa?

Patrick – Isso é curioso sabe? Meu pai foi um grande publicitário nos anos 70. Ele ganhou diversos prêmios na Inglaterra naquela época e eu sempre cresci cercado por esse universo. Ele dizia que a publicidade era a melhor maneira de ser criativo e ganhar dinheiro ao mesmo tempo. Ele era meio que um gênio da propaganda. Mas particularmente nunca me interessei pelo assunto. Nunca fui atraido por esse mundo em particular.

Virgula – Minha última pergunta tem que ser sobre aquele incidente no show da Madonna em fevereiro, quando você foi retirado do show da Madonna…

Patrick – Oh sim…Aquilo foi bastante desagradável (risos)

Virgula – Imagino! Deve ter sido terrível…

Patrick – Realmente foi! Claro que não teve nada a ver com a Madonna, quero dizer, ela teria repudiado essa atitude tanto quanto eu, se vissse alguém ser retirado do meu show só por beijar alguém do mesmo sexo.

Virgula – Você fez alguma queixa formal sobre o caso? Houve alguma providência tomada contra a equipe de segurança?

Patrick – A polícia inglesa não está interessada em injustiças contra homossexuais. A comunidade gay apoiou minhas reclamações mas nada pode ser feito quanto a isso no Reino Unido. Infelizmente eu tive de aprender a lidar com o abuso e, apesar de ser muito triste, eu já estou acostumado com isso. Você sabe, merda acontece com todo mundo. Aconteceu comigo e também pode acontecer com você. Independente do que acontecer, você tem que manter sua cabeça erguida e fazer o que você acha certo. Afinal, nós precisamos nos divertir, certo?


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A caminho do Brasil, Patrick Wolf fala com exclusividade ao Virgula Música