A comédia romântica 500 Dias Com Ela tem um alvo certo – jovens de seus 30 e poucos anos que viveram a cultura pop dos 80 e 90 e enfrentaram os problemas típicos de quaisquer jovens típicos de 30 e poucos anos.

Dirigido pelo estreante na telona Marc Webb (que fez carreira em comerciais e videoclipes) o título – tanto o original, 500 Days of Summer, quanto a infeliz tradução para o português – já entrega que o final entre os dois protagonistas não é feliz. Mas não significa que o filme não seja feliz. Truque que dá o molho e faz a história valer a pena.

O arremate do primeiro parágrafo deste texto é outro truque, o de salpicar a receita com referências pop, para identificar espectador e personagens e cair na graça dos indies e alternativos de plantão. Tom Hansen (Joseph Gordon-Levitt) ouve pop britânico, gosta de Spearmint, canta Pixies no karaokê e descobre que está apaixonado por Summer (Zooey Deschanel) quando esta reconhece The Smiths pelo fone de ouvido dele.

Desde o começo a história dos dois é narrada randomicamente. Portanto adiantar o final do relacionamento por aqui não é spoiler, mas uma maneira de mostrar o que leva a isso e como cada parte reage.

Assim, o diretor abre buracos, avança no tempo para um dia futuro e os tapa (ou não), intercalando situações comuns de falta de satisfação profissional, falta de sincronia no amor, faltas, faltas e faltas que atormentam os longos anos dos 20. Pois aos 30 e poucos (olha mais uma vez o público-alvo) você provavelmente já encaixou um emprego mais próximo dos sonhos juvenis e aprendeu que nunca acertará na mosca no amor.

Aí chegam os 40 (que não tenho, mas imagino) e você compra uma moto e resolve dar o troco em tudo que deixou aos 20, pois agora você tem dinheiro e acha que vai conseguir tapar as carências das décadas passadas com ele.

Só que estes são outros buracos, pois o filme, que estreou com boa recepção em Sundance este ano e vem sendo bastante comentado por onde estreia, não passa perto do amargor deste texto. Deixa, por outra, um gosto doce ao final e a vontade de abraçar quem você escolheu abraçar. E se não escolheu ainda, a esperança de que o (a) encontrará ao dobrar a esquina. Afinal, é para isso que servem as comédias românticas.

Sessões 500 Dias Com Ela:
26/10, 21h30: Cinemark – Shopping Cidade Jardim
31/10, 19h – Cine Tam


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500 Dias Com Ela é a grande sensação indie da 33ª Mostra de São Paulo