Se esta matéria fosse apresentada num Globo Repórter da vida, começaria com um hoje, 29 de julho, faz 15 anos que o Brasil ficou mais triste.
Colocada a pieguice de lado, seria a abertura ideal para o texto, pois foi neste dia, em 1994, que faleceu o mais popular entre os mais populares comediantes do país, Antonio Carlos Bernardes Gomes, o Mussum, dOs Trapalhões.
Se acha exageradas as afirmações sobre popularidade do quarteto, basta dizer que das 20 maiores bilheterias do cinema brasileiro ever, 12 são deles. E cinema nem era o negócio principal dos quatro.
E sobre a popularidade de Mussum, bom, não há pesquisa objetiva sobre, mas pergunte a rejeição dos quatro entre seus amigos e constatará que a dele beira a nulidade.
Era difícil, de qualquer maneira, não gostar deles cada um encarnava um personagem: Didi era o cearense perdido no Rio de Janeiro; Zacarias, o mineirinho ingênuo; Dedé, o galã (?) que tinha a masculinidade contestada, e Mussum era o negro sambista apreciador de cachaça e dono de um linguajar próprio.
Impossível pensar na fórmula atualmente. Ainda mais líder de audiência no horário nobre do nobre domingo da Rede Globo.
Só que, à época, as pessoas pareciam ter maior facilidade em entender que uma brincadeira quase sempre é apenas uma brincadeira, e a epidemia do politicamente correto não servia para as pessoas incorporarem qualquer coisa como ofensa pessoal. Mussum foi (é) o ícone de tudo isso, encarnando um personagem três doses de pinga acima do restante do grupo em pelo menos 50% das cenas.
Com suas atuações politicamente incorretas, ele deixou sua participação no melhor momento do humor na televisão brasileira. Os Trapalhões foram a coisa mais importante na minha formação cultural, até eu descobrir os Beatles. E Mussum era o (/Paul/) McCartney, afirma Fabio Cascadura, líder da banda baiana Cascadura e fã do quarteto.
Mas a brincadeira de gostar de bebida não era apenas brincadeira e ele acabou vitima do alcoolismo. Não sem antes gravar em pedra o jeito de falar empregando o is no final de todas as palavras, e bordões e frases como: quero morrer pretis se eu estiver mentindo, crioulo é a tua veia, preto é teu passadis, vou me pirulitarzis e o clássico cacildis.
Eu gostava do Mussum, ele representava um carioca nonsense no meio de toda aquela bagunça que eram os Trapalhões. Acompanhei os caras desde quando era na TV em preto e branco, sem falar que os Originais do Samba (/conjunto que tinha Mussum como integrante/), conseguiram que eu cantasse Do lado direito, da rua direita…. Mussum era o cara: só no forevis, diz Clemente, líder dos Inocentes e integrante da Plebe Rude.
Teve um problema com Renato Aragão no começo dos anos 1980, quando junto a Dedé e Zacarias acharam que Didi estava faturando acima da média do time.
Fundaram a DeMuZa (com as iniciais dos três), para contrapor a Renato Aragão Produções (criada em 1977), lançaram sem o quarto mosqueteiro o filme Atrapalhando a Suate, mas a coisa aparentemente foi resolvida dali até o final da vida de Mussum, que marcou o final do grupo o Brasil já ficara menos engraçado com a morte de Zacarias em 1990.
Depois disso, Renato Aragão continuou na Rede Globo, ancorando Criança Esperança, pousando de helicóptero nos braços do Cristo Redentor, criou um programa para chamar de seu, A Turma do Didi, e Dedé Santana perdeu o rumo da carreira.
Criou o Comando Maluco em 2005, junto a Beto Carreiro, mas em 2008, com a morte do coubói brasileiro, o programa acabou. E no mesmo ano retomou a parceria com Renato Aragão na Turma…, estreando em junho daquele ano nas tardes de domingo da Rede Globo, onde continua até hoje.
Veja cinco momentos inesquecíveis de Mussum nos Trapalhões, um antes de integrar o quarteto e um esquecível (a matéria sobre a morte dele) abaixo.
Mussum armando uma pindureta:
Teresinha:
Mussum tomando leite:
Erros de gravação: “Mussum, seu pé cresceu?”
Mussum e a xalxixa:
Mussum e os Originais do Samba em 1972 (pré-Trapalhões)
Jornal Nacional no dia da morte:
Confira o que aconteceu com os outros participantes dOs Trapalhões AQUI!