Anahí – Mi Delirio
 Anahi

Anahí, 26 anos, ainda vive da fama que conseguiu nos tempos de Rebelde, novela teen vinda do México e um dos maiores fenômenos entre adolescentes dos anos 00. Mas as músicas que a cantora mexicana inclui em seu quarto trabalho solo, Mi Delírio, pouco têm a ver com o RBD. Há baladas pueris como as da dobradinha Hasta que llegues tu, com várias derrapadas no vocal e No te quiero olvidar; além da melosa Te puedo escuchar, mais contida e bonita do que as outras.

De resto, Anahí se cerca de batidas como a da faixa-título, escolhida como primeiro single. É o melhor momento da parceria da cantora com Gilberto Cerezo e Ulises Lozano, do Kinky. Também mexicanos, a banda já apresentou sua mistura de cumbia e música eletrônica na edição de 2004 do falecido Tim Festival. O grupo dos co-produtores de Mi Delírio tocou para uma plateia bem mais descolada do que a dos fãs de Rebelde.

Afetada como divas que cantam em inglês, Anahí não dá conta de segurar a onda em canções como Me hipnotizas, com letra da barraqueira Gloria Trevi e arranjo do Kinky. Muito mais à vontade na parte mansa do disco, a cantora é nocauteada pelas batidas das faixas mais dançantes. Com exatamente o mesmo repertório, uma cantora com o mínimo de talento ou uma Shakira da vida teria lançado um álbum bom para as pistas e minimamente audível. Él me mintió traz sintetizadores espertos, mas a gritaria (Anahí soa como um T.a.t.U. destrambelhado) atrapalha qualquer boa intenção. Pensando bem, uma volta do RBD não seria um mau negócio.(Braulio Lorentz)

Ana Carolina – Multishow Registro – Ana Carolina 9 + 1 Ana Carolina

Pra celebrar os dez anos de carreira de Ana Carolina, uma das mais bem-sucedidas cantoras da MPB desses últimos anos, o canal Multishow lançou o DVD Multishow Registro – Ana Carolina 9 + 1, que tinha a proposta de fugir do lugar-comum dos DVDs de música – sair dos palcos e ganhar novos espaços –, acerta na originalidade, mas peca na execução.

O cenário escolhido foi um sítio no Alto da Boa Vista, no Rio de Janeiro, meticulosamente arrumado para receber a cantora, seus convidados, os figurantes e banda. O tiro acabou saindo pela culatra, já que tanta simetria e perfeccionismo acabaram passando a sensação de superficialidade ao invés de intimidade. Em alguns momentos, a quantidade de penduricalhos, acessórios (em sua maioria vermelhos) e luzes em uma mesma cena mais geram desconforto do que admiração.

Por outro lado, o DVD traz uma ótima seleção de intérpretes para dividirem o microfone com Ana Carolina, e a relação entre as canções escolhidas e os duetos são bastante acertadas. Dos olhares maliciosos trocados com Maria Bethânia e Ângela Ro Ro a zona de conforto encontrada em Luiz Melodia e Seu Jorge, Ana Carolina vai apresentando uma série de memoráveis parcerias que iluminam esse registro. As únicas desarmonias são, talvez, a participação de Gilberto Gil, engolida pela voz poderosa de Ana Carolina, ao passo que a revelação do jazz americano Esperanza Spalding é desperdiçada na última faixa do DVD.

Entre erros e acertos, o Multishow Registro – Ana Carolina 9 +1 não deve desapontar os fãs da cantora, mas não será o principal responsável por angariar novos admiradores. (Marina Alves)

CreedFull Circle
Creed

O começo pesado de Full Circle, primeiro disco desde a pausa que o Creed fez em 2004, dá pistas falsas sobre o quarto álbum da banda americana. Com menos de dez segundos de audição de cada música, dá para sacar que hits anteriores como Higher, With Arms Wide Open, My Sacrifice e Don’t Stop Dancing são bem mais leves e acessíveis do que as duas primeiras deste novo trabalho: Overcome e Bread of Shame.

A escolha de Overcome como single para o anúncio da volta do quarteto parecia deixar ainda mais claro: sem chance de baladas pós-grunges com dedilhados mil e vocal tão anasalado quanto afetado, tudo perfeito para clipes de gosto duvidoso e a performance teatral do vocalista Scott Stapp. Mas não é bem assim. Todas as outras novas faixas do Creed poderiam ter sido gravadas pelo Nickelback. Nem o mais ardoroso fã notaria.

É uma missão difícil escutar o CD inteiro sem pular faixas como Away in Silence e On my Sleeve. Único produtor de Full Circle, Howard Benson usa tudo o que aprendeu com P.O.D., Papa Roach, Crazy Town, Daughtry e Hoobastank. Rain abre com as mesmas camadas de violões dos outros sucessos e traz refrão bobinho como os que a banda costuma criar: “Sinto que vai chover deste jeito por dias / Então deixa chover e limpar tudo / Espero amanhã o raiar do sol / Com todo amanhã vem uma nova vida”. Pior do que a música, apenas o clipe. Só piora. (Braulio Lorentz)


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Lançamentos da semana: DVD de Ana Carolina e discos de Anahí e Creed