Traição, intrigas familiares, assassinato… Não, isso não é uma matéria sobre um filme de ação e violência e sim a legítima história da Casa Gucci, uma das famílias mais poderosas da moda mundial que a ambição fez eclipsar. Mas se o clã desapareceu do mapa fashion, a marca está mais icônica do que nunca como símbolo de renascimento e exemplo a ser seguido por grifes em decadência. Todos esses elementos dramáticos não poderiam deixar de despertar a curiosidade de Hollywood. O produtor e diretor Ridley Scott está desenvolvendo para 2011, ano do 90º aniversário da Gucci, um projeto cinematográfico sobre a família e a marca.

Como todo bom drama italiano, a saga começa com o patriarca Guccio Gucci que, em 1921, lança em Florença produtos de couro feitos artenasalmente por sua família. O mesmo início que a poderosa marca Prada – outro símbolo da moda italiana – também teve. Guccio é responsável por um dos clássicos da moda masculina que está até no acervo da seção de moda do Museu Metroplitan, de Nova York: os mocassins com fivela dourada. Outros símbolos da marca surgem entre as décadas de 30 e 40: as estampas de ferradura, a inspiração equestre e a bolsa bambu eternizada por Jackie O.

Em 1953, Guccio Gucci falece e seus filhos Aldo, Vasco, Ugo e Rodolfo assumem os negócios. Começa uma disputa familiar interna que, vista nos dias de hoje, não deixa de ser um dilema que atualmente as grandes grifes vivem e que ainda não foi muito bem resolvido. Expandir em grandes negócios ou se transformar em um marca super exclusiva de luxo?

Aldo Gucci, nos anos 70, abrindo um nova loja em Bond Street, Londres

Nos anos 60 e 70, a grife ganha notoriedade mundial. O dramaturgo radical Samuel Beckett é visto usando a unissex bolsa Hogo, a mesma usada por Liz Taylor. Aldo expande seus negócios até a Ásia. A Gucci vira sinônimo de elegância cool, tão importante para os revoltosos anos 60 e para os hedonistas anos 70, mas uma tragédia estava por acontecer.

Seu sobrinho, Maurizio Gucci casa-se com Patrizia Reggiani que o faz brigar com a família e assumir uma boa porcentagem dos negócios. Ao mesmo tempo, empresas internacionais jogam pesado pela compra da Gucci. O então advogado Domenico de Sole tenta defender o clã até que os Gucci não mais comandam a empresa. Patrízia resolve então arquitetar a morte do marido Maurício, que é assassinado em 1995. Todo esse fait diver que mais parece páginas de tabloides acontece ao mesmo tempo que a marca Gucci entra em porfunda decadência.

Grande nome dos anos 70, Bianca Jagger [de preto], ex-mulher de Mick Jagger, assiste desfile da marca

O exílio da marca no panteão fashion dura até a chegada do texano Tom Ford, pelas mãos do agora CEO da marca, Dominico de Sole. Ao reler a marca italiana pela alta voltagem sexual, inspirar-se em um momento auge da grife – os anos 70 -, mas pelo viés de outro gênio da era disco, o estilista Halston, Ford acerta em cheio e recupera de forma impressionante o prestígio e as vendas da Gucci. Nasce então, no meio dos anos 90, a chamada “era Ford” , renasce a fênix da moda: Gucci.

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