O que você escreveria em uma decisão como esse Brasil x Holanda, pelas quartas de final da Copa do Mundo? Divida o jogo em dois tempos e reflita.

Se o jogo tivesse acabado no primeiro tempo, “Brasil brilha, engole Holanda e se aproxima do hexa”.

Foi uma atuação quase perfeita. O adversário não foi Chile, Coreia do Norte ou Costa do Marfim. Se tínhamos dúvidas, agora não temos mais: o caminho do hexa está mais curto.

A Holanda respeitou demais, não atacava como poderia. Nas poucas tentativas era desarmada. Bem posicionada, a seleção brasileira armava contra-ataques decisivos. Foi assim que Felipe Melo lançou Robinho. Existia um buraco na defesa holandesa e o gol saiu.

A classificação estava encaminhada e a Holanda precisava mudar radicalmente no segundo tempo. Mudou.

O Brasil foi atacado efetivamente e não soube se defender. As soluções pareciam problemas.

Todas as certezas do GRUPO FECHADO se transformaram em dúvidas.

Todos os conceitos de DUNGA caíram.

Os intocáveis sumiram.

Os treinos secretos não surtiram resultado.

O patriotismo de Jorginho não se via em campo.

Cansei de falar e ouvir que o time precisava ser atacado para funcionar. Quando foi não suportou. A diferença está em quem ataca. A Holanda não é Coreia, Chile.

Muitas teses defendidas pela imprensa e contestadas por Dunga e seus aliados apareceram:

– Que Felipe Melo perderia a cabeça a qualquer momento.

– Que a convocação foi equivocada, faltavam opções de qualidade para mudar a maneira de atuar.

– Que existiam dois GRUPOS: um titular, outro reserva.

– Que Kaká sozinho não conseguiria armar o time.

Inverta as situações e confirme a tese. Se a Holanda tivesse saído na frente, o Brasil teria o mesmo poder de reação?

A defesa, símbolo maior da estratégia, desmoronou. A sólida defesa brasileira levou dois gols de bola parada.

Erro de Julio Cesar e Felipe Melo no primeiro e COLETIVO no segundo.

Mérito da Holanda, que mudou e ganhou.

A atuação de Sneijder merece destaque: sua mudança no segundo tempo fez Gilberto Silva se perder. O camisa 10 tem tudo de um grande jogador: dinâmico, artilheiro, catimbeiro, tático e com estrela. Foi o dono do jogo.

Robben foi um ótimo coadjuvante para irritar os já desequilibrados brasileiros.

Que o Brasil retome sua principal virtude. Vamos perder ou ganhar dentro dos mais variados esquemas. Com peças que possam mudar um jogo. Que o único meia de articulação tenha alguém para, no mínimo, ficar na reserva.

Fica a lição de que não há fórmula mágica para ganhar a Copa: a criticada preparação de Weggis caiu na mesma fase que o comprometimento de Johanesburgo.

Dunga deixa a seleção na mesma colocação de Parreira. E com outra semelhança: fechou olhos e ouvidos às críticas construtivas, iludido com erros que seriam encobertos a todo o momento. Coerência nem sempre é competência. E muito menos equilíbrio.

Colaboração: Raphael Prates


int(1)

Falta de opções, equilíbrio e Sneijder: fim do Brasil de Dunga na África