A cantora M.I.A. se meteu em polêmica após lançar seu novo clipe, Born Free. O vídeo de nove minutos mostra ruivos sendo perseguidos pelo exercito norte-americano.
Depois de presos, os prisioneiros são levados ao deserto e executados. Para muitos, o diretor Romain Gavras foi “longe demais” nas cenas de violência e crueldade do clipe. O Youtube também achou e tirou o vídeo no ar.
Toda essa falação ignora a verdadeira intenção por trás do clipe (mais para filme de curta-metragem): fazer uma severa critica aos extermínios e genocídios de povos que acontecem pelo mundo. Born Free olha, sem filtros, para a violência extrema que ocorre nesses conflitos.
Não é o primeiro nem o último videoclipe que tenta passar uma mensagem política de maneira contundente e até agressiva. Apesar do normal serem clipes com mensagens rasas, que evitam tocar na ferida de verdade, alguns artistas optam por algo bem mais revolucionário. O impacto ajudaria numa maior propagação da mensagem.
Aproveitando a polêmica envolvendo M.I.A., que usou da arte para jogar uma verdade nua e crua na cara do público, veja outros artistas que fizeram criticas sociais sem qualquer firula em seus clipes:
Devo – Debaixo de todas as esquisitices da banda, o grupo era uma verdadeira frente anarquista na música pop. Através de suas músicas, o grupo debochava dos excessos da sociedade americana. Com o clipe de Whip It, o Devo tira um barato dos tipos caipiras e conservadores, que tem grande influência na política do país.
Geto Boys – O clipe de Mind Playing Tricks on Me é um verdadeiro tapa na cara. Em 1991, o trio formado por Bushwick Bill, Scarface e Willie D, mostrou o outro lado da “realidade gangster”. Enquanto os músicos do N.W.A., 2Pac e Notorious B.I.G falavam de como era glamorosa a vida de um criminoso, o Geto Boys relatava a perspectiva verdadeira: o caos e o eterno perigo de estar envolvido com aquele tipo de vida.
Tool – O grupo de metal alternativo norte-americano fez uma crítica aos excessos da censura. No clipe de Hush, os membros do Tool zoaram com o logo Parental Advisory, usado para advertir pais sobre conteúdo explícito de álbuns, cobrindo suas partes íntimas.
Ministry – Mesmo que Al Jourgensen e Paul Barker fossem chegados em opiáceos, o grupo de metal industrial fez esse vídeo anti-heroína. Just One Fix mostrava dois jovens passando por um “cold turkey” (sintomas de abstinência da droga). Narrado pelo poeta beat William S. Burroughs, o clipe foi censurado pela MTV e mais tarde pelo Youtube.
O Rappa – A banda carioca tem vários clipes que são retratos fiéis da dura vida de jovens da periferia, mas o mais simbólico deles é o clássico vídeo para o sucesso Minha Alma. Dirigido por Kátia Lund, o vídeo mostra o abuso policial e a tragédia que ela causa. Fortíssimo…
Rage Against The Machine – O que mais poderia sair do encontro entre a banda militante e o diretor panfletário Michael Moore? Sleep Now in the Fire já nasceu prontinho para polêmica. O vídeo foi filmado na frente do “símbolo do sonho capitalista”, a Bolsa de Valores de Nova York. Os integrantes da banda quase foram presos após a chegada da polícia, mas a mensagem foi dada…
Madonna – A popstar, que sempre polemizou em seus vídeos, mas mais no campo dos costumes, resolveu fazer crítica política em American Life, que tem como alvo a presença americana no Iraque. Dirigido por Jonas Åkerlund, Madonna aparece uniformizada e critica a “agressiva” gestão Bush nos Estados Unidos. A popstar foi obrigada a retirar do ar o clipe, para colocar uma versão mais “light”.
Ratos de Porão – A banda paulistana de hardcore teve um clipe rejeitado pela MTV Brasil. Intitulado Covardia de Plantão, o vídeo mostrava um jovem sendo agredido e torturado continuamente no chão. O diretor Fernando Rick disse na época que o vídeo era uma crítica a violência desenfreada que acontece no Brasil.
Justice – Também dirigido por Romain Gavras, o clipe da dupla francesa de música eletrônica deu o que falar… e acabou censurado em sua terra natal. O vídeo acompanha a saga de jovens vândalos, barbarizando pelas ruas. O clipe faz uma crítica aos conflitos sociais que assolam os guetos da França.