O dia começou bem cedo. Na verdade não acabou. As vuvuzelas não pararam e pouca gente, principalmente na região central de Johanesburgo, conseguiu dormir.
A onda sonora aumentava na medida em que à hora do jogo se aproximava. Milhares de torcedores invadiram as ruas para celebrar o início da Copa. Era a estréia dos “Bafana Bafana”.
Em campo, a seleção não decepcionou: enfrentou uma equipe que é superior tecnicamente e soube controlar a partida. O nervosismo que se viu no começo de jogo é normal e esperado pela pressão que foi criada.
Carlos Alberto Parreira deve ter pedido para sua equipe atacar, sabia da importância de vencer em um grupo equilibrado. Sinceramente esperava por duas equipes medrosas e, mesmo sem jeito, vi mexicanos e sul-africanos se expondo, tentando o ataque.
No intervalo, brilhou a estrela de Parreira: mais experiente que Javier Aguirre, o técnico brasileiro foi rápido: corrigiu o caótico o lado esquerdo e fechou os espaços. A África do Sul marcou melhor e conseguiu imprimir mais velocidade nos contra-ataques.
O empate antes do jogo seria considerado um bom resultado, mas pelas circunstâncias, os anfitriões ficaram com a sensação de que poderiam ter vencido.
Esperava mais do México: têm alguns jogadores habilidosos, como Giovanni dos Santos e Vela (que foi mal), mas visivelmente falta um padrão de jogo definido. A rapidez do time varia com momentos de sono profundo e depois do gol, os latinos pareciam um bando.
Na longa viagem do centro da cidade até o espetacular Soccer City conversei com vários jornalistas mexicanos que ficaram pessimistas. Acham que tem poucas chances de avançar para a próxima fase e elegeram a partida diante da França como decisiva.
França x Uruguai: disposição e falta de futebol
Muito recuado, com cinco jogadores na primeira linha, três ou até quatro na segunda e Forlan isolado. Assim estava armado o Uruguai no início do jogo.
Já Domenech conseguiu armar muito bem o time jogando pelos dois lados. Chegava sempre com mais perigo pela esquerda com Evra e Ribery; Sagna e Govou chegavam pela direta. Centralizado, Anelka não teve tanta liberdade, mas foi muito acionado. Apanhou da bola.
Impressionante a disposição do time. Foi uma correria como há muito tempo não se via na França: o objetivo era abafar, marcar um gol rapidamente para depois se poupar.
Apesar das várias tentativas não conseguiu furar o bloqueio uruguaio.
A França caiu fisicamente no segundo tempo e os uruguaios continuavam com a mesma preocupação: não sofrer gols. Conseguiram.
O jogo, que já não era bom, piorou no segundo tempo.
A primeira expulsão da Copa foi de Lodeiro, do Uruguai, que ficou em campo só dezoito minutos.
Pela falta de bola, França e Uruguai podem acender o sinal amarelo. A sorte é que México e África do Sul também não venceram e aliviaram a situação dos pálidos campeões do mundo.
(Colaboração: Raphael Prates)