Os clubes brasileiros de futebol profissional têm dívidas que, somadas, chegam a cerca de R$ 2,4 bilhões, sendo que metade dela é com o Poder Público, segundo relatório divulgado nesta quarta-feira.
O Estado é credor de 57% da dívida, devido a impostos que não foram quitados, contribuições à Previdência Social que nunca foram depositadas e multas por esses atrasos.
O estudo sobre a situação financeira dos clubes, divulgado pela “Agência Brasil”, foi realizado pela empresa de auditoria Casual Auditores, especializada em equipes de futebol, em associação com a companhia Parker Randall.
De acordo com o relatório, a dívida aumenta a cada ano, e hoje praticamente é o dobro da 2006, quando chegava a R$ 1,3 bilhões.
Em 2006, 52% da dívida era com o Estado, 25% com processos civis e trabalhistas e 23% com empréstimos. No final de 2009 as dívidas com o Poder Público já representavam 57%.
“O aumento da dívida acontece por que as principais obrigações dos clubes são fiscais, ou seja, impostos atrasados”, explicou o economista Carlos Aragaki, um dos responsáveis pelo estudo, citado pela “Agência Brasil”.
“O Governo inclusive criou uma loteria (a Timemania) para ajudar os clubes a reduzirem suas dívidas, mas a receita não está sendo alta o suficiente”, acrescentou.
Segundo Aragaki, a criação da Timemania acabou prejudicando os clubes, já que as instituições, esperando o sucesso da loteria, se comprometeram a utilizar os fundos para pagar suas dívidas com o Estado em 240 parcelas, e agora têm que cumprir.
De acordo com o estudo, os clubes que mais devem são os cariocas, com quatro entre os cinco primeiros na lista. O maior devedor é o Fluminense (R$ 319,7 milhões), seguido pelo Botafogo (R$ 301 milhões).
Em seguida estão Atlético Mineiro (R$ 293,4 milhões), Vasco (R$ 291 milhões) e o atual campeão brasileiro, Flamengo (R$ 278 milhões).
O estudo indica que, apesar de as dívidas terem aumentado, as receitas dos clubes subiram 14,7% em 2009, quando somaram R$ 1,4 bilhões.
Os clubes com maiores receitas em 2009 foram o Corinthians – que conta com Ronaldo em seu elenco – e São Paulo e Internacional, que se enfrentarão na semifinal da Copa Libertadores.
Segundo a pesquisa, 27% da receita dos clubes vêm das cotas de transmissão televisiva, 21% da venda de jogadores, 16% dos patrociníos e publicidade e apenas 12% das bilheterias.