Lembra quando sua mãe dizia para não falar com estranhos nem aceitar nada de desconhecidos? Jogue tudo isso no lixo ao entrar no Chatroulette. O site, criado por um adolescente russo em novembro do ano passado, vem sendo o assunto da semana, a nova mania da internet, o hype do momento, enfim, todos aqueles adjetivos virtuais de praxe.

Tudo porque ele promove uma conversa aleatória entre pessoas desconhecidas, como se jogássemos dados numa roleta. De tão simples, nele nem é preciso fazer cadastro, sincronizá-lo com o Twitter ou algo parecido. Basta ter uma webcam para se bater papo por uma caixa de chat ou conversar normalmente por um microfone.

Passei uma hora conectado à página, que registrou durante esse tempo mais de 20 mil pessoas online. Em minha curta experiência, tive a oportunidade de trombar com mais de 30 internautas – apenas um deles era uma garota! No geral, só vi rapazes, homens e senhores. Que, quando viam a minha figura, desligavam a conexão.

Mas, de repente, surgiu no meu monitor um senhor de cabelos grisalhos e bigode tingido. Ele é americano, mora na Pensilvânia e está assistindo aos jogos olímpicos de inverno. Diz que sua esposa está dormindo. A conversa não flui, até o momento em que ele ouve uma voz feminina ao meu lado – a de minha namorada.

Ele se mostra interessado, pede para que eu a mostre e a elogia. Depois de cinco minutos de conversa furada, pergunta se pode “vê-la melhor”. Desligo a conversa, mas faço um teste: agora, somente ela ficará em frente a webcam. E adivinhem só: se ninguém queria conversar comigo, com ela foi o oposto. Homens com trejeitos de maníaco do parque nem se preocupavam com as preliminares e iam direito ao assunto. “Ei! Mostra aí os seus melões” e outras frases do gênero foram ouvidas sem parar.

Também foi bastante frequente o número de falos em riste que pipocavam pela tela do notebook. Existe um botão para reportar esse tipo de conteúdo, mas não dá para saber realmente a sua eficácia.

No Chatroulette o julgamento é feito a partir de um frame. Bateu o olho e não gostou do que viu? Aperte “next” e vá para a conversa seguinte. Chega a ser um gesto automático, é como zapear pela TV atrás de algo interessante e reclamar que nunca tem nada de bom passando.

Também se pôde observar que o Chatroulette é um ótimo canal para se aplicar trotes. Já existem na rede vários Tumblr que trazem coleções de pegadinhas ali dentro, além de vídeos que exibem a reação das pessoas ao se depararem com algo bizarro. É engraçadíssimo: as pessoas se filmam mascaradas, dormindo, fazendo festas, tocando instrumentos, enfim, tem de tudo. Seja para o bem ou para o mal.

Resumindo? O Chatroulette é um espaço para dar umas boas risadas e sentir uma enorme dose de vergonha alheia. Dá até para encontrar alguém interessante e disposto a conversar. Mas, para isso, será preciso passar previamente por diversos obstáculos – imagens de pênis eretos, no caso.


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Chatroulette traz o zapping da TV para a internet

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