Os anos 00 foram muito intensos no mundo da música e cheios de diversidade, já que os estilos e gêneros musicais se pulverizaram e a indústria sentiu uma mudança substancial na hora de encarar a música como produto.

Para compreender as mudanças musicais sentidas nesta década, o Virgula Música selecionou dez álbuns que mapeiam o período e seus principais elementos. Veja abaixo a nossa lista:

Is This It?
– O primeiro álbum do Strokes conseguiu uma façanha: reunir os mundos do rock e da pista de dança, trazendo uma sonoridade conduzida pela simplicidade dos acordes e de melodias contagiantes. A explosão pós-punk, as melodias repletas de sensualidade e o sentimento de que o pop pode, e deve, andar de mãos dadas com o rock e sonoridades eletrônicas. Em uma década de pulverização de gêneros e estilos, o Strokes deu o tom do que seria o rock inteligente, delicioso de dançar e com um pé no underground feito posteriormente por grupos como Arctic Monkeys, Franz Ferdinand, The Killers e Kings of Leon.

Back to Black – Foi com seu segundo álbum, Back to Black, de 2006, que a inglesa Amy Winehouse se destacou com intensidade na indústria musical, contando com o apoio do poderoso produtor Mark Ronson. A voz virtuosa e dramática da cantora trouxe de volta aos ouvidos do mundo todo a atmosfera dramática e dolorosa das grandes divas do soul, resgatando ritmos da Motown em um som ao mesmo tempo moderno e clássico, abrindo caminho para o sucesso artistas como Duffy e Joss Stone.

Cansei de Ser Sexy – O Cansei de Ser Sexy (ou CSS) começou como uma brincadeira. Adriano Cintra, Luiza Sá, Ana Rezende, Carolina Parra e a vocalista Lovefoxxx tocavam sem compromisso, com apenas uma regra: era proibido se levar a sério. Com essa postura, o CSS conquistou o hype com um álbum repleto de músicas desencanadas que misturavam pop, rock, bases eletrônicas e referências à cultura pop. A partir da apresentação no Tim Festival 2004, a banda se profissionalizou, deixando de lado os teclados toscos e as letras duvidosas – mas nunca conseguiu igualar o sucesso de seu álbum de estreia.

American Idiot – “Don’t Wanna be na American idiot / Don’t want a nation under the new media / And can you hear the sound of hysteria? / The subliminal mind fuck american”. American Idiot é o grito punk do Green Day pós 11 de setembro. E ninguém melhor do que a trupe de Billie Joe Armstrong para criar um álbum raivoso e pop na medida certa, com melodias grudentas a procura de um mundo melhor (Boulevard of Broken Dreams) e o ódio cru de hits como American Idiot e Jesus of Suburbia.

Bloco do Eu Sozinho – O rock brasileiro nunca mais foi o mesmo após o lançamento de Bloco do Eu Sozinho, de 2001. O Los Hermanos precisou brigar para que o álbum chegasse às lojas, já que a gravadora queria que o trabalho fosse regravado com outras composições e outros arranjos. Mas Marcelo Marcelo Camelo, Rodrigo Amarante, Bruno Medina e Rodrigo Barba bateram o pé, e presentearam a década com o álbum de rock mais consistente do cenário nacional. Hits como A Flor, Todo Carnaval Tem Seu Fim, Sentimental e Casa Pré-Fabricada levaram o rock do Los Hermanos ao máximo da sensibilidade e emocionaram até quem não era fã da banda. Sem o espaço conquistado pelo Los Hermanos, bandas como Móveis Coloniais de Acaju e Mombojó talvez não estivessem onde estão hoje – e a música brasileira com certeza seria mais pobre.

In RainbowsOk Computer colocou o Radiohead no mapa da música internacional. Kid A hipnotizou o mundo com seus elementos eletrônicos e sua atmosfera depressiva. Mas foi com In Rainbows que o grupo liderado por Thom Yorke saiu do circuito indie para se tornar um fenômeno de mercado – e o líder de uma revolução há muito anunciada. Virando as costas para o modelo tradicional de distribuição de música, o Radiohead delegou o poder para os fãs, perguntando: “quanto vocês querem pagar?”. Mas o álbum foi mais do que marketing: em In Rainbows, o Radiohead reuniu elementos do legado musical de toda uma década, reinventando a si mesmo e narrando, a partir da visão pessoal de Thom Yorke, a crise existencial do homem moderno.

The Slim Shady – Foi com The Slim Shady LP que o rapper Eminem chegou chutando a porta da indústria musical, com seu estilo raivoso e seu repertório repleto de xingamentos e ironias. Eminem é uma metralhadora ambulante, disparando contra todos sem muito critério. Embora hoje sua figura tenha atraído certa ridicularização, o frescor de The Slim Shady mostra a importância de hits como My Name Is e Just Don’t Give a Fuck, que ajudaram a abrir caminho para a explosão fonográfica comandada pelo hip hop.

À Procura da Batida Perfeita – “Então corre / a batida é minha / cheguei primeiro”, proclama Marcelo D2 nos primeiros versos de À Procura da Batida Perfeita, disco de 2003 que marcou a década quando o provocador D2 saiu do Planet Hemp e cravou um segundo álbum excelente que misturava samba, rap e hip hop com destreza. Marcelo D2 deve saber que a tal batida perfeita não existe, mas escolheu com precisão ao batizar seu álbum em homenagem ao clássico Looking For The Perfect Beat, de Afrika Bambaataa. Mixado em Los Angeles, o álbum traz participações de Seu Jorge, João Donato e Will.i.am, do Black Eyed Peas.

Toxicity – Abram alas para a fúria: o System of a Down chegou rasgando nesta década, gritando hinos contra a injustiça e o preconceito até mesmo para quem se recusava a ouvir. A sonoridade pesada do metal se reuniu a alguns elementos do rock alternativo, em uma fórmula que atingiu seu auge com Toxicity, de 2001. A desordem e o caos são elementos essenciais do álbum, que levou o System of a Down para o topo das paradas e rendeu até um documentário sobre o engajamento da banda em questões como o reconhecimento do genocídio armênio.

CPM 22 – Pode ter certeza: sem o CPM 22, nenhuma das bandas de pop/rock adolescente atuais existiriam. A partir do sucesso de hits como Regina Let’s Go e O Mundo Dá Voltas, o CPM, formado por Badauí, Luciano, Fernando e Japinha, conquistou as paradas e a programação das rádios do país. O álbum rendeu à banda um Disco de Ouro pela venda de 100 mil cópias.


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Anos 00: Dez álbuns que mapeiam a década