Videogames antigos
Créditos: Gabriel Quintão
Mais de quatro meses depois de a Sony começar a vender seu PlayStation 4 no Brasil (por R$ 4 mil!), este repórter não soube de um único camarada que tivesse coragem e dinheiro para adquirir o console. Sem amigos ricos, este mesmo repórter – a quem falta mais dinheiro do que coragem – chegou à conclusão de que PS4 não é bom para a saúde. O que, porém, poderia preencher este vazio no peito pequeno-burguês sem assassinar o orçamento? Epifania: videogames antigos.
Durante sua infância nos anos 90, este mesmíssimo jornalista supracitado – na época, em versão diminuta – tinha um Super Nintendo como companheiro fiel. Ao lado de seu irmão, aventurou-se em jogos como Donkey Kong Country, Mortal Kombat e F-Zero. O console de 16 bits perdeu-se em alguma mudança, mas a sensação de frio na barriga ao fechar um jogo difícil ficou na memória.
Na região do viaduto Santa Ifigênia, onde se concentram as lojas de games antigos em São Paulo, é possível achar Super Nintendos e Mega Drives usados por R$ 120, menos de 1/30 do valor de um PS4. Colecionadores estão dispostos a pagar R$ 500 por um cartucho em bom estado do raro game Chrono Trigger, mas ainda é possível achar bons cartuchos dessas plataformas por R$ 40. Um Atari custa cerca de R$ 280, enquanto um Nintendo sai por R$ 350. Na internet, sites de venda e compra (tais como Mercado Livre, OLX e Bom Negócio) estão cheios de boas pechinchas de games e consoles de outros tempos.
Longe de ter redescoberto a roda a bordo de uma máquina do tempo, porém, apenas me defrontei com um mercado que, nesta década, tem crescido bastante. Se, nos anos 2000, as pessoas jogavam fitas velhas pela janela, hoje os jogos e consoles antigos ganham ares de coisa cool, itens de colecionador.
Julio César Ribeiro do Prado (na foto aqui embaixo), 28 anos, mora em São Paulo e cresceu jogando os games Alex Kidd e Super Mario World, na década de 90. Há seis anos, ele decidiu comprar um Super Nintendo novamente e, ao reativar a memória afetiva, passou a colecionar consoles e cartuchos antigos.
“Acho que coleciono videogames como forma de compensar uma vontade reprimida. Na época, não dava para comprar todos os aparelhos. Agora, posso matar a vontade”, confessa o especialista em informática, que compra seus itens no site de vendas eBay ou em uma loja de produtos usados em sua vizinhança. “De alguns anos para cá, os cartuchos ficaram mais caros, no geral. As pessoas passaram a procurar mais”.
Não só de saudosistas, no entanto, vive esse mercado. Durval (foto abaixo) é um dos proprietários da loja de games antigos ADS, na Santa Ifigênia. Ele conta que muitos adolescentes procuram jogos retrô em busca do entretenimento que nem sempre encontram em games novos.
“Hoje, não há esse negócio de faixa de idade para game antigo. Nosso público vai dos 15 anos até os 40. Muitos jovens têm o PlayStation 3, mas querem também o Super Nintendo. Eles poderiam até fazer download de um emulador de jogos no computador, mas eles querem a coisa física, querem assoprar o cartucho como se fazia antigamente”, diz o lojista.
“Os adolescentes querem saber onde tudo começou, querem entrar em contato com jogos clássicos. Os games de hoje têm muito gráfico, um pouco de diversão mas quase nada de dificuldade, o que tira um pouco da graça”, opina.
Para estimular novos gamers de jogos antigos, o Virgula Diversão lista aqui cinco clássicos que você tem de jogar:
1- Street Fighter II Turbo: Hyper Fighting (Super Nintendo)
Dois controles, duas pessoas, dois lutadores. E que ganhe o mais “apelão”. O jogo de luta, uma versão melhorada do Street Fighter II, combinava personagens carismáticos (Ryu, Blanka, Zangief, Chun Li) com uma variedade de golpes especiais incríveis para cada um deles.
2- Super Mario Bros. 3 (Nintendo)
Mario é o personagem de videogame mais icônico de todos os tempos. Esse jogo permite ao jogador explorar diferentes fases em um mapa. Outro barato é utilizar os itens que dão poderes especiais a Mario, como uma fantasia de guaxinim, que o permite voar, e uma roupa de sapo, que o faz pular alto.
3- Pitfall! (Atari 2600)
O jogador tinha de controlar o aventureiro Pitfall Harry e conduzi-lo com segurança por uma selva infestada de jacarés, escorpiões, abismos e outros perigos. O objetivo era recuperar 32 tesouros em um período de 20 minutos.
4- Sonic the Hedgehog (Mega Drive)
O porco-espinho azul mais veloz do mundo marcou época combatendo o Dr. Ivo Robotinik e salvando animaizinhos sequestrados pelo vilão. Sonic the Hedgehog foi o primeiro de uma série de três clássicos do Mega Drive.
5- Alex Kidd (Master System)
Eita jogo difícil de fechar! Alex, personagem cabeçudinho de punhos gigantes, explorava oceanos, vulcões e cânions em sua jornada para salvar o reino de Radaxian das mãos do vilão Janken.