O Governo ugandense intensificou sua campanha contra o polêmico vídeo viral divulgado na Internet sobre o guerrilheiro ugandense Joseph Kony, que recebeu mais de 100 milhões de visitas no mundo todo e se transformou em um assunto de Estado para o país africano.
As duas páginas de publicidade reservadas neste domingo pelo Executivo de Campala nos jornais nacionais mostram a importância que as autoridades ugandenses deram à campanha “Kony 2012” da ONG americana Invisible Children.
O popular vídeo, divulgado com profusão por conhecidas celebridades americanas, tentava chamar a atenção sobre o conflito no norte de Uganda e a figura do guerrilheiro Joseph Kony, procurado pelo Tribunal Penal Internacional (TPI).
A projeção do filme em Lira, uma das regiões afetadas pela disputa, terminou com a juventude da cidade lançando pedras contra a ONG que organizou a projeção.
Na inserção propagandista deste domingo, assinada pela ministra de Informação de Uganda, Mary Karoro Okurut, o vídeo é descrito como uma “grosseira má interpretação do conflito e dos esforços realizados para colocar fim a ele”.
“O documentário é uma tentativa errônea de voltar a escrever a história de Uganda e descreve os ugandenses como um povo incapaz de resolver seus problemas”, acrescenta o comunicado.
Em nível internacional, a campanha é percebida pelas autoridades ugandenses como uma séria ameaça para o turismo, uma das principais indústrias do país.
O primeiro-ministro Amama Mbabazi contra-atacou no sábado na Internet com um vídeo no YouTube e em mensagens através da rede social Twitter.
Acredita-se que Joseph Kony, o homem mais procurado em Uganda e líder do Exército de Resistência do Senhor (LRA, em sua sigla em inglês), esteja escondido em regiões de selva da República Democrática do Congo (RDC) e da República Centro-Africana.
Entre os delitos atribuídos a Kony estão assassinatos em massa, a escravidão e o sequestro de menores para transformá-los em crianças-soldado ou tornar as meninas empregadas e inclusive escravas sexuais.
A ONU trabalha há anos com várias organizações para atender aos afetados pelas ações do LRA, grupo que pretende instalar em Uganda um sistema de Governo baseado nos dez mandamentos, e que assassinou e torturou civis sistematicamente desde que começou a operar.