Após uma série de polêmicas em relação a punições de prova contra seus pilotos, a equipe Red Bull de Stock Car anunciou um protesto inusitado nesta quinta-feira: irá fazer uma espécie de “luto” contra a Confederação Brasileira de Automobilismo.

Em comunicado, a equipe explicou a decisão, tomada após seus dois pilotos, Cacá Bueno e Daniel Serra, serem punidos por excesso de velocidade nos boxes na etapa de Campo Grande, no último domingo.

Desta maneira, seus carros, usualmente pintados em um azul metálico, estarão na cor preta fosca e com a inscrição “corrida é na pista” estampada no para-brisas.

Leia o comunicado da equipe Red Bull:

Estamos de luto

Há nove temporadas, a Red Bull acredita e investe no automobilismo brasileiro, com um único objetivo: brigar por vitórias. Desde seu nascimento, no Brasil e no mundo, a Red Bull tem o esporte a motor como uma paixão que beira o vício.

Infelizmente, uma série de episódios acontecidos nos últimos anos – culminando com a punição dupla por excesso de velocidade em Campo Grande – nos dão a convicção de que a gestão desportiva fora das pistas, realizada pela Confederação Brasileira de Automobilismo (CBA), não está à altura do alto nível de profissionalismo dos pilotos e equipes que participam das competições no Brasil.

Para que isso finalmente aconteça, acreditamos que seja necessária a implementação, com urgência, de importantes mudanças:

1) Profissionalismo dos Comissários Desportivos:

Em qualquer corrida, as decisões dos Comissários têm o poder de consagrar ou jogar por água abaixo o trabalho dos profissionais que arriscam suas vidas dentro da pista. Trata-se de uma responsabilidade imensa, e que portanto deve ser exercida por indivíduos altamente capacitados e com ampla experiência, não por afiliados políticos de Federações estaduais. Como exemplifica a Fórmula 1 atual, o recrutamento de grandes ex-pilotos é uma das melhores soluções possíveis nessa situação;

2) Consistência e coerência nas punições:

A consequência maior de não possuir Comissários profissionalizados é a repetição frequente de casos de “dois pesos, duas medidas”, em que infrações idênticas são sancionadas de formas diferentes – já que, a cada corrida, diferentes membros de uma respectiva Federação estadual são convocados a atuar como comissários, sem necessariamente ter acompanhado os critérios anteriores utilizados em etapas do mesmo campeonato acontecidas em outros estados. Sem consistência nessas decisões, o espírito esportivo dos resultados fica comprometido;

3) Regulamentos mais claros:

A melhor maneira de evitar “zonas cinzas” nos regulamentos técnicos e desportivos é fazendo uma redação completa e coerente dos mesmos. Textos redigidos da maneira atual, deixando decisões sobre diversos pontos “a critério dos Comissários”, inevitavelmente causarão inconsistências;

4) Transparência nas decisões:

Quando pilotos ou equipes são injustamente punidos por erros que não os seus, o que se espera em um campeonato transparente é que esses erros sejam tornados públicos, de modo a preservar a imagem das partes prejudicadas.

Estamos pedindo demais? Acreditamos que não, e que todas as pessoas que realmente gostam e vivem de corridas em nosso país também adorariam ver esses quatro pedidos atendidos. O automobilismo brasileiro merece – e precisa, para continuar a crescer – ser elevado a um novo patamar de profissionalismo fora das pistas.

Afinal de contas, corrida é na pista.


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Red Bull inova e correrá de luto na Stock Car