Projeto leva agricultura sustentável e geração de renda a seis cidades
Levar metodologias e tecnologias sociais inovadoras a diversas comunidades pelo Brasil, possibilitando a construção coletiva de soluções baseadas em agricultura urbana, periurbana e rural. Tudo para gerar sustentabilidade, progresso econômico, alimentação saudável, qualidade de vida e valorização da cultura local.
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Esse é o propósito do projeto Territórios da Agricultura, desenvolvido pela Evoluir – empresa que gera valor e impacto social por meio de iniciativas educacionais, culturais e socioambientais na perspectiva da Educação Integral – e viabilizado pela Lei Federal de Incentivo à Cultura, até o ano passado, da Secretaria Especial da Cultura do Ministério do Turismo. Em 2022, a iniciativa mobilizou 260 representantes comunitários em seis cidades: Balsa Nova (PR), com patrocínio da Ingredion, Camaçari (BA), Passo Fundo (RS), Dourados (MS), Luís Eduardo Magalhães (BA), e Petrolina (PE), com patrocínio da Bayer.
“Toda a realização do Territórios da Agricultura parte de uma jornada formativa envolvendo os líderes comunitários e também o estabelecimento de parcerias locais estratégicas, que nos auxiliam nesse processo coletivo”, destaca Mariana Monferdini, coordenadora do projeto na Evoluir. “É um trabalho que envolve o resgate da cultura local, a identificação dos desafios e potencialidades de cada região e, ao final, a definição de qual será a ação prática a ser implementada por cada grupo”, diz. “Por isso, cada iniciativa é única, em cada cidade”.
Mariana destaca que outra etapa essencial do projeto é a comunicação e disseminação das práticas agrícolas sustentáveis, apoiada pela exposição de todos os trabalhos desenvolvidos. “Como parte do Territórios da Agricultura, realizamos uma exposição da ação implementada no território. É uma maneira de transmitir esse conhecimento para outros líderes comunitários e para a população em geral, compondo uma cadeia de mobilização que terá impacto positivo para futuras intervenções coletivas”, aponta.
“O projeto veio em um momento oportuno, depois da pandemia, acolhendo a todos, pois muitos estavam desacreditados e sem perspectivas, e com apoio conseguiram abraçar e colocar em prática essa iniciativa”, ressalta Rosy Kátia Souza Gonçalves, facilitadora da Evoluir que apoiou o Territórios da Agricultura em Petrolina (PE), atuando no Assentamento Terra da Liberdade, no Território do Vale do São Francisco. “É uma comunidade marcada por várias dores e anseios, até de comida, de água, de tudo, e foi gratificante ver a chegada desse projeto, com essa estrutura e participação coletiva, dando condições econômicas e permitindo que as pessoas multipliquem essa experiência”, avalia. “Tudo com a produção de alimentação saudável, sem uso de agrotóxicos, que oferece sustentabilidade para a família, e onde o excedente gera emprego e renda para a comunidade. O assentamento ganhou também muitos parceiros, para expandir outras frentes”.
Rosy Katia reforça ainda outro ponto fundamental do projeto, em sua visão: o empoderamento feminino. “É como se o Territórios da Agricultura tivesse desencadeado essa força entre as mulheres e despertado em cada uma delas esse sentimento de fazer parte. Algumas inclusive nos ensinaram novas técnicas em alguns momentos, ocuparam lugares e quebraram paradigmas”.
Para Jufania Conceição, facilitadora da Evoluir junto aos participantes de Luís Eduardo Magalhães (BA), no Assentamento Rio de Ondas II, ao incentivar reflexões o projeto trouxe maior sentimento de pertencimento aos moradores. “Foi importante dar voz, ouvir o que pensam, como queriam ser vistos e como poderiam desenvolver as iniciativas. O Territórios da Agricultura estimulou uma nova intensidade para suas falas e ações”, conta. “Pessoalmente, também me marcou muito conhecer pessoas novas e que me ajudaram muito nessa caminhada, além de ter experiências inspiradoras e a concretização de uma ação como a horta, construída coletivamente. Foi tudo muito especial”, conclui.
Conheça as ações realizadas pelo Territórios da Agricultura em cada cidade:
Dourados – MS
O projeto possibilitou algumas ações, como um plantio agroflorestal às margens do córrego Bororó, na aldeia Bororó dos povos de etnia Guarani; a implantação de uma horta agroecológica na Escola Estadual Moacir Djalma Barros e a realização do 1º Festival Agroecológico de Dourados, que aconteceu durante a Exposição do Territórios da Agricultura e contou com diversas atrações, com música, oficinas e rodas de conversa! .. Outro resultado, inspirado a partir do Territórios da Agricultura na região foi a criação de um curso prático de Sistemas Agroflorestais, que está acontecendo em paralelo ao projeto, voluntariamente organizado pelos parceiros locais e pelos participantes, causando um impacto positivo e mobilizando outras pessoas para além da turma formada.
Petrolina – PE
O Sisteminha, uma tecnologia social reconhecida pela Fundação Banco do Brasil (FBB), foi a ação escolhida para essa cidade, logo no início do projeto, como parte estratégica e de planejamento das ações já realizadas pela UNIVASF – Universidade Federal do Vale do São Francisco, no Assentamento Terra da Liberdade. Com o projeto foi possível trabalhar diversas reflexões com os grupos, na linha da comunicação não violenta, participação cidadã e engajamento comunitário, além da valorização e reconhecimento da história do Assentamento e todas as suas potencialidades e desafios. As articulações da equipe local foram fundamentais para progredir em alguns aspectos diagnosticados, como a falta de água, de assistência técnica e de conhecimento sobre cooperativismo e associativismo.
Balsa Nova e Campo Largo – PR
O projeto, em Balsa Nova e Campo Largo, contou com a parceria da AOPA – Associação para o desenvolvimento da Agroecologia, e de moradores locais da região. Durante sua implementação, participantes criaram laços de pertencimento e trabalharam na realização de um projeto piloto de horta mandala e composteira, na escola Estadual Casemiro Karman , trabalhando a cooperação, organização e valores comunitários.
Passo Fundo – RS
Em Passo Fundo, o parceiro local foi a Universidade de Passo Fundo – UPF, com articulação e mobilização da comunidade do bairro Zachia. O grupo de trabalho foi composto por atores estratégicos de diversas áreas do conhecimento, além de lideranças da comunidade local, professores e alunos da universidade. A ação escolhida foi desenvolvida em parceria com o Centro de Referência de Atendimento à Mulher – CRAM por meio de mutirões, com a implantação de uma horta orgânica , com conceitos da agrofloresta, interligada a um sistema de captação de água da chuva, além de composteira.
Camaçari – BA
O destaque para o local de realização da Jornada Formativa, realizada no Horto da cidade, trouxe elementos agregadores, como, por exemplo, uma aula sobre compostagem e reciclagem. A ação escolhida para mobilizar e integrar as diversas ações no território foi a criação do Centro Avançado de Sustentabilidade e Agricultura Familiar de Camassary. Ali a população tem acesso à informação, orientação e insumos para implementação de hortas e espaços sustentáveis. Também são produzidos e distribuídos adubos – obtidos a partir da compostagem – e mudas, além da promoção de ações de Educação Ambiental e Rural, banco de sementes e troca de experiências.
Luís Eduardo Magalhães – BA
A partir dos desafios levantados coletivamente, a intervenção territorial escolhida foi o Curso de Compostagem e Olericultura, com a implantação de uma horta orgânica experimental e leiras de compostagem em uma área comum da Vila 2, no Assentamento Rio de Ondas, em uma ação em parceria com a Universidade Federal do Oeste Baiano – UFOB e o Parque Vida Cerrado O objetivo foi levar conceitos técnicos de forma simples sobre os processos da instalação, produção e da condução de olerícolas, para que os agricultores possam praticar e replicar em suas propriedades. A referência foram os princípios da agroecologia e sintropia. A participação das técnicas do Parque Vida Cerrado foi importante para a mobilização da comunidade e engajamento nas ações, pois já possuíam uma atuação bem consolidada no Assentamento.
Sobre o Territórios da Agricultura
O Territórios da Agricultura é um projeto de educação e inovação social voltada à agricultura urbana, periurbana e rural, baseado na participação coletiva e na co-criação de ações que contribuam para o desenvolvimento sistêmico da agricultura e da cultura em determinado território. Prevê a realização de uma jornada que integra os diferentes atores locais, visando a investigação extensiva do ecossistema e a co-criação de soluções que possam fortalecer as práticas de produção de alimentos no território.
Ao longo de 40 horas de formação em cinco módulos, os participantes trabalham capacidades como autogestão, atuação em equipe, liderança, conhecimentos sobre os agrossistemas e a cultura do campo, construção coletiva de saberes, mapeamento e diagnóstico territorial, condução de pesquisas coletivas e entrevistas, técnicas e abordagens para produção fotográfica e audiovisual, registro e sistematização de informações, implementação de protótipos, entre outros.
As atividades do Territórios da Agricultura englobam ainda a entrega de materiais pedagógicos, doação de livros paradidáticos ao município, exposição audiovisual aberta e gratuita ao público (com materiais produzidos pelos próprios participantes), divulgação das iniciativas, articulação de parcerias institucionais, educação e inclusão social de jovens e adultos, visitas escolares das redes municipais de ensino à exposição e palestras educativas para os alunos.
O Territórios da Agricultura está alinhado a oito dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) na Agenda 2030 da ONU: erradicação da pobreza (1), fome zero e agricultura sustentável (2), saúde e bem-estar (3), educação de qualidade (4), trabalho decente e crescimento econômico (8), cidades e comunidades sustentáveis (11), consumo e produção responsáveis (12) e parcerias e meios de implementação (17).
