Um ano e meio após o devastador tsunami que assolou o nordeste do Japão, a internet segue como um poderoso instrumento para dar assistência e divulgar os apelos de milhares de pessoas que ainda sofrem as consequências do desastre.

O terremoto de 9 graus na escala Richter que sacudiu o arquipélago em 11 de março de 2011 bloqueou boa parte das linhas telefônicas do país, mas a internet resistiu, se transformando em um recurso crucial para coordenar a ajuda em meio à crise.

Em um país que tem como uma das principais características o acesso à tecnologia, nasceram centenas de sites e perfis em rede sociais depois do desastre, e muitos deles continuam ativos para que os cerca de 340 mil desabrigados não caiam no esquecimento.

Segundo os últimos dados, a pior catástrofe natural que castigou o Japão após a Segunda Guerra Mundial causou a morte de 15.870 pessoas e deixou 2.846 desaparecidos, destruindo mais de 393 mil casas e produzindo mais de 27,5 milhões de toneladas de escombros, além da pior crise nuclear mundial depois de Chernobyl.

Poucos dias após o desastre, Takeo Saijo, um professor da cidade de Sendai, encheu sua caminhonete com mantimentos e viajou rumo à cidade de Minamisanriku, no coração da área golpeada pela tragédia.

Saijo comprovou que, enquanto os principais refúgios contavam com ajuda “oficial”, muitas comunidades pequenas careciam de coisas básicas. “Só tinham alimentos vencidos para comer. Logo percebi que a ajuda de emergência não tinha chegado a esta gente”, explicou em seu site.

A partir disso, iniciou uma campanha no Twitter e, logo depois, sua conta alcançou milhares de seguidores. Assim nasceu o projeto “Fumbaro Eastern Japan” (Resistente Japão Oriental, em português) com uma página na qual até hoje qualquer um pode enviar doações às comunidades de desabrigados.

Porém, essa não é a única campanha que usa a internet como ferramenta principal. O site “Tasukeai Japan”, criado pela Agência de Reconstrução, é até hoje um dos principais portais de coordenação de voluntários, com anúncios de ONGs e relatos em primeira pessoa de pessoas que vivem em zonas de reconstrução.

Outro portal que também é bem conhecido no país é o criado pelo Centro de Design Japonês, que leva o nome de “311 Scale”. Nele é possível encontrar detalhes sobre os níveis de radioatividade em diferentes pontos do Japão, que mostra, por exemplo, que o nível de Tóquio nesta semana é menor do que o de Paris e Hong Kong.
A província de Fukushima, onde o impacto do acidente na usina nuclear de Daiichi deixou mais de 52 mil pessoas desabrigadas por causa da radioatividade, também é lembrada por diversas pessoas na internet.

Como no site da organização de Olive Japan, que ensina como tomar medidas para evitar a contaminação radioativa ou mesmo dicas de ajuda para suportar uma estadia prolongada em um refúgio temporário. No site, qualquer um pode dar opiniões úteis para enfrentar situações de emergência.

Na página, é possível encontrar informações que vão desde a criação de vasos sanitários sem água, até como fabricar uma lanterna com lata de alumínio e numerosas técnicas para preservas alimentos, evitas hipotermias e lutar contra a desidratação.

Além dessas páginas, dezenas de perfis em redes sociais lembram a tragédia de 2011, como acontece no Facebook. O município de Rikuzentakata, um dos mais afetados pelo tsunami, utilizou a ferramenta para pedir assistência para preservar a única árvore que ficou em pé após a catástrofe.

Além do Japão, também nasceram outras iniciativas na internet como a do Museu Marítimo de British Columbia, no Canadá, para que os usuários do Facebook postem fotos de objetos que foram arrastados pelo tsunami e pararam na costa do país, com a intenção de devolvê-los aos seus donos. 


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Internet e redes sociais ajudam vítimas do tsunami do Japão 18 meses depois

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