A IBM desenvolveu um microchip capaz de processar várias operações ao mesmo tempo, o que os diferencia dos chips tradicionais e se assemelha em grande medida ao funcionamento do cérebro humano, disse a companhia.
Em artigo publicado na versão digital da revista “Science“, a IBM lembrou que os chips tradicionais são capazes de processar em velocidades vertiginosas uma só operação ao mesmo tempo, e diante do resultado são capazes de reagir e empreender uma nova operação.
Esta lógica “linear”, no entanto, não é a mesma com a qual opera o cérebro, no qual várias operações acontecem ao mesmo tempo, algo que a IBM conseguiu imitar em seu novo microchip e que, segundo a companhia, poderia revolucionar o mundo da informática, já que melhora em grande medida aspectos como o reconhecimento de imagens em movimento.
Cada um dos novos chips da IBM possui cinco bilhões de transístores, que simulam mais de um milhão de “neurônios” e 256 milhões de sinapses (conexões entre células nervosas), o que os situa no mesmo terreno dos supercomputadores e os permite reproduzir em pequena escala o funcionamento de um cérebro.
“É um supercomputador do tamanho de um selo, do peso de uma pluma e que consome o mesmo que uma corneta acústica. É uma inovação genuinamente radical”, indicou na Science o cientista chefe da equipe da IBM que desenvolveu o produto, Dharmendra Modha.
Segundo seus desenvolvedores, outra grande vantagem do novo microchip é que consome menos energia do que os tradicionais, o que o torna muito mais eficiente.
“Nos baseamos em dois aspectos da neurociência: a neuroanatomia para a estrutura e a neurofisiologia para os sistemas”, explicou Modha.
O chip é o resultado de dez anos de pesquisa de uma equipe formada por 200 trabalhadores da IBM em parceria com a Agência de Projetos de Pesquisa Avançados de Defesa, vinculada ao Departamento de Defesa dos Estados Unidos que forneceu US$ 53 milhões de recursos para o projeto.
Se o novo microchip entrar com sucesso na indústria, poderia representar um grande avanço para o mercado de informática, que há anos tenta aumentar a velocidade de seus processadores sem aumentar a velocidade de computação e correr risco de superaquecimento.
A computação “em paralelo” destes novos microchips poderia representar uma solução neste sentido, mas por enquanto IBM não indicou quando esta tecnologia entrará no mercado.