Com uma performance soberba, o piloto britânico Lewis Hamilton, da Mercedes, deu um grande passo para colocar seu nome de maneira definitiva na história da Fórmula 1, ao vencer quase de ponta a ponta neste domingo o monótono Grande Prêmio da Malásia, marcado também por uma desobediência que pode ter sido um divisor de águas na carreira do brasileiro Felipe Massa, sétimo colocado hoje.
Esta foi a 23ª vez que Hamilton subiu ao topo do pódio. Com isso, o campeão mundial de 2008 igualou o número de vitórias de uma lenda da categoria, Nélson Piquet, e ficou a um triunfo de empatar com outra, o argentino Juan Manuel Fangio.
O britânico, além disso, comemorou os primeiros pontos na temporada, o que lhe garantiu um salto à segunda colocação no Mundial de Pilotos. Segundo colocado na prova, o companheiro de Hamilton, o alemão Nico Rosberg, lidera a classificação geral com 43 pontos, 18 à frente de Hamilton.
O tetracampeão mundial Sebastian Vettel, da Red Bull, é outro que tem muito para comemorar, já que depois de uma pré-temporada em que quase não conseguiu ir à pista, conquistou neste domingo seu primeiro pódio na temporada.
O espanhol Fernando Alonso, da Ferrari, protagonizou a mais bela ultrapassagem da corrida – sobre Hulkenberg, nas últimas voltas -, terminou em quarto e está em terceiro no Mundial, com 24 pontos. O piloto foi seguido hoje pelo alemão Nico Hulkenberg, da Force India, e pelo britânico Jenson Button, da McLaren.
Felipe Massa e o companheiro finlandês Valteri Bottas ficaram em sétimo e oitavo, respectivamente, seguidos pelo dinamarquês Kevin Magnussen, da McLaren e o russo Daniil Kyvat, da Toro Rosso, completando o “top-10”.
A prova no circuito de Sepang, que pode ser definida como monótona, foi marcada por duas situações que se encaixam no polêmico “jogo de equipe”. Ainda na primeira parte da corrida, Bottas ouviu da chefia da Williams de que não deveria ultrapassar Massa.
Pouco depois, foi a vez de o australiano Daniel Ricciardo receber ordem da Red Bull de que precisaria manter dois segundos de distância para Vettel, quando ocupavam, respectivamente, quarto e terceiro lugares da prova.
Faltando três voltas, a situação na Williams mudou, quando era nítida a superioridade de Bottas sobre Massa, que, em sexto, não conseguia ultrapassar Button, logo à frente. Os responsáveis pela equipe disseram ao brasileiro que o finlandês tinha pneus melhores e estava mais rápido. E ordenaram: “deixe ele passar”.
Impossível não lembrar dos muitos casos parecidos envolvendo Michael Schumacher e Rubens Barrichello, ou mesmo o próprio Massa nos tempos em que dividia os boxes da Ferrari com Fernando Alonso. Desta vez, ao invés de ceder a posição, como fez algumas vezes em favor do espanhol, o brasileiro ignorou a ordem da Williams e manteve o ritmo, o que deve gerar controvérsia com o companheiro e a equipe. Mal a prova acabou, Bottas reclamou no rádio: “tenho 100% de certeza de que chegaria no Button”.
Porém, além de garantir seus primeiros seis pontos em 2014, Massa parece ter mostrado definitivamente a que veio na temporada aos patrões Frank Williams e Patrick Head, além do diretor técnico Pat Symonds. E pode ganhar, ao contrário de represálias, respeito digno de um grande piloto da Fórmula 1.
Antes do sinal de largada deste domingo, a Mercedes já tinha dominado os treinos livres e oficial para o GP da Malásia, com Hamilton e Rosberg se alternando no primeiro posto. O britânico fez a pole para hoje, com o alemão em terceiro. Entre eles, apenas Vettel.
Entre os 22 pilotos, o único punido com perda de posições no grid foi Bottas, por ter atrapalhado Ricciardo em tomada de tempo. Com isso, largou em 18º. Já o mexicano Sergio Pérez, da Sauber, partiria dos boxes, devido por causa de mecânicos, que sequer o permitiram ir para a pista.
Com o sinal verde para a prova, Hamilton manteve a ponta, seguido de perto por Rosberg, que superou Vettel. Largando em 13º, Massa foi veloz ao ganhar posições, e saltou para o nono lugar, iniciando caça ao dinamarquês Magnussen, da McLaren, sempre com Bottas em cola.
Lá atrás, o venezuelano Pastor Maldonado, da Lotus, e o francês Jules Bianchi, da Marussia, se tocaram pouco após a largada. Com os danos provocados pela colisão, em diferentes momentos, ambos abandonaram.
Em poucas voltas, a competitividade aparente de Rosberg não foi suficiente para dar condições ao piloto a combater o companheiro de equipe, que logo botou vantagem. Com 11 voltas, Hamilton já tinha seis segundos de frente. Massa, por sua vez, subia para oitavo, após punição para Magnussen, por toque anterior em em Kimi Raikkonen.
Com a primeira série de paradas nos boxes, houve a primeira – e única – troca de líderes da prova, quando Hulkenberg, o último dos ponteiros a parar, apareceu na frente de Hamilton. O piloto da Mercedes, no entanto, não precisou de mais do que meia volta para retormar o primeiro lugar, antes mesmo de o alemão ir para o pit.
Sem grandes mudanças nos primeiros lugares, ainda na metade inicial da prova o panorama era de tédio, com raras ultrapassagens. Raikkonen, que com o toque em Magnussen foi lá para o fim da fila, poderia ser o responsável por “quebrar o gelo”, mas teve dificuldades até para superar a Caterham do sueco Marcus Ericsson.
Faltando pouco mais de 25 voltas, as primeiras informações de que a chuva chegaria ao circuito de Sepang foram transmitidas aos pilotos. Para piorar, o alemão Adrian Sutil, da Sauber, ficou parado na entrada da reta dos boxes, nos momentos em que os pilotos registravam as primeiras gotas no circuito.
Nada disso, no entanto, assustava Hamilton, que mantinha mais de 10 segundos de frente para Rosberg. Reviravoltas, apenas pelo inusitado, como quando faltavam 14 voltas e a Red Bull errou feio, ao mandar Ricciardo para a pista depois de um pit stop, sem ter sido terminado o trabalho dos mecânicos, com uma roda solta.
O australiano, que foi segundo na primeira prova do ano, mas acabou punido, caiu assim da quarta para a 13ª posição da prova, deixando assim a zona de pontuação. Na volta seguinte, o piloto teve problemas no bico e em um dos pneus, e deu adeus definitivamente a chance de pontuar pela primeira vez na temporada.
Um dos que ganharam posição com o azar de Ricciardo foi Massa, que subiu para o sétimo lugar que segurou até o fim. Faltando quatro voltas, foi a vez de Alonso brilhar, em grande ultrapassagem sobre Hulkenberg, que lhe valeu o quarto lugar.
Nas voltas finais,Hamilton, Rosberg e Vettel se dirigiam tranquilos em direção ao pódio com pista seca, já que além das poucas gotas na segunda metade da prova, não houve registro de chuva, para alívio dos pilotos e dos chefes de equipe.