Após oito temporadas na Ferrari e três na Sauber, Felipe Massa iniciará neste fim de semana uma nova jornada na Fórmula 1, agora a bordo da equipe inglesa Williams, com esperança renovada de brigar por pódios e, quem sabe, pelo título mundial, em um momento de escassez do automobilismo brasileiro.
No dia 11 de setembro do ano passado, o piloto paulista de 32 anos anunciou a saída da escuderia de Maranello. A partir daí, começou a busca por um lugar no grid de 2014, e também uma série de especulações sobre qual time lhe cederia um cockpit.
Lotus, McLaren, Force India e Sauber surgiram como opções, mas desde o início da tradicional temporada de especulações da F-1, o namoro com a Williams pareceu mais forte. O anúncio oficial da contratação do brasileiro pela equipe de Groove aconteceu em 11 de novembro de 2013.
“A Williams é uma das mais bem sucedidas e importantes equipes de todos os tempos da Fórmula 1. Estou feliz em assinar com outro ícone do esporte, após minha sequência na Ferrari“, disse o piloto em seu site na época.
A escolha pareceu duvidosa, já que a equipe inglesa venceu apenas uma vez nas últimas oito temporadas, além de ter obtido mais oito pódios. A última vez que a Williams brigou pelo título foi em 2003, com o colombiano Juan Pablo Montoya, terceiro no Mundial vencido por Michael Schumacher, da Ferrari.
A mudança dos motores Renault para Mercedes, no entanto, deram novo gás ao time. Nos testes de pré-temporada, principalmente, os realizados no circuito de Sakhir, no Bahrein, os carros da Williams se mostraram competitivos, em atividades dominadas por carros impulsionados pela fornecedora alemã.
Como sua atual equipe, Massa também não se destacou nos últimos anos na Fórmula 1 e vive jejum de vitórias desde o Grande Prêmio do Brasil, em 2008, quando venceu e teve por alguns segundos a sensação de ser campeão do mundo. Só que, após cruzar a bandeirada, o então ferrarista precisava “secar” o britânico Lewis Hamilton, da McLaren, que não podia ir além do sexto lugar.
O drama do brasileiro começou quando seu concorrente ultrapassou o alemão Timo Glock, da extinta Toyota, garantiu a quinta posição e conquistou o único título da carreira. Feliz pela vitória em Interlagos, Massa não pôde esconder a decepção pelo vice-campeonato.
Em 2009, o piloto sofreu grave acidente no GP da Hungria, quando uma peça do carro de Rubens Barrichello, então na Brawn GP, se soltou e atingiu a cabeça do compatriota. Massa ficou fora das sete últimas provas da temporada, e depois disso só conseguiu mais cinco pódios – todos terceiros lugares – o último na Espanha, ano passado.
Junto com Massa, ajudam a fazer da Williams o carro “mais brasileiro” da Fórmula 1 o piloto reserva Felipe Nasr, que já fez sua estreia nos testes de pré-temporada, apos ter sido quarto colocado na GP2 em 2013, a Petrobras, que fará o desenvolvimento de combustíveis e de lubrificantes para os motores Mercedes, e o Banco do Brasil, como patrocinador.
Na lateral do bico do carro apresentado na semana passada, marca presença um adesivo-homenagem ao maior piloto do país – que morreu dirigindo uma Williams, em 1º de maio de 1994 – com a mensagem “Ayrton Senna para sempre”.
Por outro lado, se o futuro para Massa parece promissor, para o automobilismo nacional a situação é preocupante. Pelo segundo ano seguido, apenas um piloto brasileiro alinhará no grid da Fórmula 1. Pouco para um país que chegou a ter cinco representantes em dois GPs (Monaco e Alemanha) da temporada 2001 – Rubens Barrichello, Ricardo Zonta, Luciano Burti, Enrique Bernoldi e Tarso Marques.
Recentemente, Massa chegou a falar da crise, lamentando a falta de investimento na formação de novos pilotos. No ano passado, o paulista já estava sozinho, sem a companhia, sequer, de um piloto de testes, como acontece neste ano com Nasr.
Vale lembrar que, neste ano, o vice-campeão mundial de 2008 chegará a 210 Grandes Prêmios disputados na Fórmula 1, igualando o austríaco Gerhard Berger, ex-companheiro de Ayrton Senna na Mclaren. Atualmente, Massa é o 17º que mais largou na categoria, e poderá terminar o ano até em 10º, caso Kimi Raikkonen, seu substituto na Ferrari, não dispute duas provas.