O mundo do automobilismo está em luto. A morte cerebral do piloto Gustavo Sondermann, de 29 anos, ocorrida neste domingo em Interlagos causou a comoção de todos amantes do esporte no Brasil. Mais que isso, deixou um sentimento misto de revolta e pedido de mudanças na principal e mais clássica pista do país.
Nesta segunda-feira foi a vez de Galvão Bueno manifestar sua opinião sobre o assunto. Ao site ‘Globoesporte.com’, o narrador que acompanha corridas há 37 anos e é pai de dois pilotos, clamou por mudanças em Interlagos.
Em texto emocionado, Galvão pede uma área de escape para a “curva do Café”, a qual se refere como uma das mais perigosas do mundo atualmente. Ele também relembra de outros graves acidentes que ocorreram ali e pede ação dos órgãos responsáveis.
Veja o texto na íntegra
Amigos,
A tal “curva do Café” em Interlagos me atormenta já faz tempo. Só neste ano são duas mortes. Há tres anos morreu o menino Rafael Sperafico e em 2003 Alonso e Webber escaparam por pouco.
Interlagos é um dos melhores e mais seletivos circuitos do mundo. Sua história é rica e estou dentre aqueles que consideram seu solo sagrado.
Só que o tempo passa, as coisas mudam e devem mudar sempre, principalmente em nome da segurança. A “curva do café” é hoje sem dúvida uma das mais perigosas do mundo. Não por seu traçado, longe disso, já que ela não tem muitos segredos e é um espetáculo ver os carros entrando na reta de motor cheio, tentando “achar” o vácuo do carro da frente para decidir na freada do “S” do Senna.
Mas é exatamente aí que está o perigo. Em qualquer categoria os carros a contornam de pé cravado, e qualquer problema, uma escorregada na chuva, um pneu furado, um toque e o destino é o muro, que joga o carro de volta para o meio da pista. Quantos já escaparam porque tiveram a sorte de não serem atingidos por ninguém.
Sorte que Gustavo Sonderman, um menino de 29 anos, não teve neste domingo.
Alguém em caráter de urgência tem que tomar uma decisão. A CBA tem que exigir mudanças. A prefeitura de São Paulo, proprietária do circuito, tem que viabilizar as mudanças.
Uma área de escape tem que ser criada ali, como recentemente foi criada no “Laranjinha”, sob o risco de chorarmos novos Speraficos e Sondermans…
Quem pede é um profissional que há 37 anos trabalha em corridas de automóveis e que ama o automobilismo.
Quem pede, em última instancia, é um pai que cedo vibrou com a vitória de um filho e os pontos importantes de outro na Stock Car e que mais tarde chorou junto com os Sonderman, que perderam o filho…