As crianças e o iPad
O iPad não causa apenas fascínio entre os adultos. Nos pequenos também. O tablet da Apple, que recentemente chegou a sua segunda versão, cada vez mais cai em mãos pequenas e gorduchas, cujos donos são fascinados pela interatividade da tela sensível ao toque.
Não acredita? Então vá ao YouTube e pesquise por “iPad + baby”. São vários vídeos de pequerruchos se divertindo com o eletrônico, seja assistindo desenhos, jogando games ou até mesmo desenhando. Afinal, o iPad representa para uma criança vários brinquedinhos integrados em um só – os adultos sabem bem disso.
Que o diga a publicitária Julia Gil Moreira, de 28 anos, e seu filho Fernando, de 6. A mãe comprou um iPad em setembro do ano passado para facilitar o seu trabalho móvel. “Achei incrível ter um gadget que ‘mesclasse’ a mobilidade de um notebook com a praticidade do 3G dos celulares. Uso em viagens, lazer, para acessar internet, emails, Twitter, jogar… É um multiuso danado!”, diz.
A ideia inicial era que o tablet fosse dividido com Bruno, seu marido, que o usaria em apresentações no trabalho. Mas não foi bem isso que aconteceu… “Quando cheguei com o iPad em casa o Fernando arregalou os olhos e disse: ‘um iPhone grandão!’”, ri. “Ele sempre jogou no meu celular, pois nunca o deixei mexer no meu notebook. Tenho muitas coisas de trabalho nele e não queria que ele misturasse as coisas. O notebook é uma ferramenta de trabalho da mãe e do pai. Não é pra brincar”, afirma.
E Fernando brinca mesmo. Dentre seus games prediletos, ele lista Plants vs. Zombies, Angry Birds, Uno e Cut the Rope… “Mas a cada semana procuramos jogos novos, ou recebemos dicas de outras pessoas”, explica Julia.
Quem também “roubou” o iPad do pai foi Leonardo, que ainda nem completou um ano! O bebê suja com gosto a tela do tablet com seus dedinhos para se divertir com aplicativos infantis que estimulam a educação.
“Comprei logo no lançamento do iPad, nos EUA, pois queria substituir o notebook para serviços externos. Como a tela é touch screen e não exige certa coordenação motora dele, o uso é fácil”, comenta o empresário Jorge Freire Júnior, de 40 anos, pai do “pequeno nerd”.
Dentre os aplicativos prediletos do Leonardo estão o Kid Art, uma lousa “em que ele passa as mãos e cores e formas diferentes aparecem”, e o Baby Animal, que reproduz som de animais.
“Ainda não sou louco de deixar ele sozinho com o iPad”, ri. “Sempre usamos juntos, brincando com aplicativos que também ensinam inglês e com vídeos infantis. Se deixar ele fica meia-hora nessa brincadeira”, brinca.
Esse uso do iPad como forma de entretenimento familiar é algo positivo, de acordo com a pedagoga Ligia Belmonte, da clínica Versionna Educacional. Mas, segundo ela, o fato de uma criança passar horas em frente ao tablet – e qualquer outro tipo de eletrônico – não é benéfico e deixa falsas impressões.
“As pessoas têm uma impressão errada. Ficar 300 horas jogando não quer dizer que vai se trabalhar a concentração da criança, mas ajuda muito. A tecnologia hoje é uma ferramenta imprescindível, não tem como fugir dela”, explica.
“Sabendo ser dosada e trabalhada com a criança, a tecnologia é bem-vinda. Tudo com excesso é prejudicial. Meu filho, por exemplo, não fica horas no videogame, ele precisa sair do apartamento, movimentar o corpo para ajudar no ensino. A liberação de endorfina ajuda na hora de ter concentração e dormir à noite”, ensina.
Essa lição é seguida por Julia e Fernando, que precisam ter certas regras para não caírem no canto da sereia do iPad. “Acho que ele é algo que ajuda a aproximar a família, desde que usado com moderação. É um gadget que você pode passar horas se entretendo. E com isso você acaba perdendo tempo de fazer outras coisas”, comenta a mãe, que jura saber a hora certa de arrastar o botão de “desliga” do aparelho.
“Quando o Fernando está entretido com o iPad, dentro de casa, sempre tentamos jogar juntos, até para termos uma noção de tempo. Aí falamos: ‘olha, já jogamos muito dessa vez… Vamos desligar agora’. Senão ficamos todos bitolados em cima do treco”, admite, rindo.