“A internet tem que ser como em página em branco, onde vocês é que escrevem”. Foi assim que Tim Berners-Lee começou seu discurso na quarta edição da Campus Party Brasil. O inventor do WWW (World Wide Web) subiu ao palco junto com o ex-vice-precidente americano Al Gore, para falar sobre os rumos da internet e o futuro da rede. Num bate papo que durou 1h30, ambos fizeram questão de ressaltar o caráter democrático da internet e que não pode ser controlada. “Não deixem os governos os as grandes coorporações controlarem a rede”, pediu Al Gore aos mais de seis mil campuseiros, que apludiram em coro.

Al Gore, que começou seu discurso lamentando a tragédia ambiental no Rio De Janeiro, afirmou que a internet é uma das grandes mudanças da humanidade, pois permitiu que as pessoas deixassem de ser apenas consumidoras de informação para se tornar parte fundamental do processo de comunicação. “A rede não é como a televisão, onde uma pessoa te passa uma mensagem e você simplesmente recebe, sem se expressar diretamente com o emissor”, completou o ativista.

Quando perguntado sobre o Wikileaks, Al Gore, diplomático, disse que como ex-jornalista – ele exerceu a profissão após voltar da Guerra do Vietnã – entende o interesse público em torno de documentos oficiais, mas que acredita que há um limite, que é preciso ter leis para que essas informações caiam na rede de forma legal.

Berners Lee, numa opinião bem parecida com a de Al Gore, afirmou que mesmo a internet sendo livre, o conteúdo deve ser adquirido de forma lícita.“O problema é que as informações foram adquiridas de uma forma ‘fora-da-lei’, foram dados roubados por pessoas.”

PROTESTO SILENCIOSO

Tim Berners-Lee também destacou a importância de que a nova geração saiba usar a rede como ferramenta de protesto. Segundo ele, as redes sociais têm um grande potencial para protestos silenciosos e devem ser usadas para esse fim. “Quando alguém tentar impedir que vocês acessem um conteúdo, protestem. Em paz, mas protestem”, disse Berners Lee.

Berners Lee também aprofundou a discussão sobre privacidade na rede, comentando a prática de “tracking” (monitoramento) do tráfego dos internautas por grandes empresas. “As grandes companhias monitoram cada passo dos cidadãos na internet. Elas sabem o seus nomes, os endereços dos seus apartamentos e, principalmente, seus interesses. Sabem o se você acessa sites de pornografia, esportes e até em qual partido você votará nas próximas eleições. E exploram isso com objetivos comerciais e políticos. O internauta tem que protestar contra essa prática”.


int(1)

Al Gore e Tim Berners-Lee defendem a democracia na web e clamam por liberdade na rede

Sair da versão mobile