O ator Wagner Moura desponta, aos 37 anos, como um dos grandes atores de sua geração. Ansioso para estreia do filme Praia do Futuro, de Karim Aïnouz, no festival de Berlim, ele concedeu uma entrevista publicada nesta terça-feira (11), no jornal O Globo, na qual falou sobre os humoristas brasileiros de hoje e sobre seus próximos projetos, incluindo um filme com o diretor José Padilha, de Tropa de Elite.
Entre os próximos projetos do ator, está um filme sobre o palhaço Bozo, dirigido por Daniel Rezende, montador do filme Cidade de Deus, entre outros. “O roteiro é do Luis Bolognesi e vai ser focado em um dos caras que fizeram o Bozo e que tem uma história extraordinária. Hoje ele é pastor. E o Bolognesi colocou dois conflitos: um de um sujeito que fica famoso com a cara de um palhaço, nunca é ele mesmo; e a história da relação desse sujeito com o filho, porque o ator do Bozo ficou superdoido numa época, usava drogas e ainda assim animava todas as crianças, menos o filho”, contou o ator.
Depois do sucesso de Tropa de Elite, que além de bater recordes de público conquistou o Urso de Ouro no festival de Berlim, o ator retomará a parceria com o diretor em um novo filme. “Tenho um projeto novo com o José Padilha, que vamos rodar no fim do ano. É um projeto antigo do Zé, na tríplice aliança”.
Em 2011, o diretor já tinha falado sobre o projeto, que será produzido pela Warner Bros, ao Hollywood Reporter. “A ideia é ter um filme político dentro de um filme de ação, que possa entreter e ensinar as pessoas sobre a tríplice fronteira e o crime internacional, em geral”, disse Padilha que ainda afirmou que o longa ambientado na tríplice fronteira Argentina-Brasil-Paraguai será escrito pelo roteirista Nick Schenk, de Gran Torino (de 2008, dirigido e estrelado por Clint Eastwood).
Além de projetos futuros, o ator Wagner Moura falou sobre os limites do humor. Em 2008, ele foi alvo de uma brincadeira do programa Pânico no qual um repórter passava gel em seu cabelo, sem avisá-lo. O incidente virou tema de um artigo escrito pelo próprio ator no jornal O Globo sob o título “Meleca no ator”.
“É uma pena que muitos comediantes, e não só comediantes, mas muitos artistas jovens brasileiros sejam de direita. Sejam garotos fascistas. Eles fazem um trabalho que a gente ensina nossos filhos a não fazer. Apontam para os outros e dizem ‘Haha, você é preto, você é viado, você é aleijado’. Eu sou politicamente correto. O politicamente correto é uma ferramenta civilizatória que inventamos para que uma criança negra não veja um negro sendo humilhado na TV, mas todo garotão que é artista gosta de dizer que o maneiro é ser politicamente incorreto. Isso não é engraçado, não é humor. Ser radical como artista é diferente de humilhar os outros”, disse o ator, relembrando o episódio da “meleca”.