O filme "A Dália Negra", a história de uma atriz terrivelmente assassinada na Los Angeles dos anos 1940, dirigido pelo mestre do thriller americano Brian de Palma, abre nesta quarta-feira a 63ª edição da Mostra do Cinema de Veneza.

Baseado em uma história real ocorrida em 1947, quando o corpo de uma aspirante a atriz foi descoberto cortado em dois em um estacionamento do sul da cidade, o filme, com duas horas de duração e protagonizado pela talentosa Scarlett Johansson, namorada de um dos dois policiais que investigam o caso, mistura sexo, violência e corrupção.

Na disputa pelo Leão de Ouro, junto com outros 22 filmes, a fita é baseada no best-seller do irreverente James Ellroy, o "durão da América", presente em Veneza e célebre por ser o inspirador do filme de sucesso "Los Angeles – Cidade Proibida", que em 1998 ganhou dois Oscar.

"É simplista definir Brian de Palma como o novo Hitchcock. Porque De Palma é o diretor perfeito", assegurou o escritor, cujo sétimo romance, "A Dália Negra", é dedicado à sua mãe, uma enfermeira do Wisconsin estrangulada em 1958 por um de seus companheiros.

"Mãe, 28 anos depois, dedico a você estas páginas de adeus com letras de sangue". Assim começa o livro, reduzido a roteiro por Jos Friedman e filmado em boa parte na Bulgária para reduzir os custos.
 
"Quando se vive a depressão econômica ou guerras e genocídios, como hoje em dia, o público quer se distrair com escândalos e não pensar no que acontece", analisou a estonteante Johansson sobre o papel da crônica policial, durante a concorrida entrevista coletiva.
 
A mostra veneziana, que se encerrará em 9 de setembro, dirigida pelo terceiro ano consecutivo pelo italiano Marco Müller, apresentará, no total, 63 filmes de 27 países. Chipre, Indonésia e Chade participam do concurso pela primeira vez.

Uma grande festa de gala, com mais de 800 convidados, abrirá o desfile de estrelas, que incluem outros atores do filme de estréia – além de Johansson, Hilary Swank, Aaron Eckhart e Josh Hartnett -, bem como Catherine Deneuve e Sandra Bullock.
 
A presença do ministro italiano da Cultura, Francesco Rutelli, servirá para aplacar o clima tenso surgido por polêmicas contra a inauguração, em outubro, de um festival paralelo de cinema em Roma. Sua promessa de mudar as datas foi bem-recebida.

A chegada de importantes personalidades da indústria mundial, entre elas Paul Allen, sócio de Bill Gates, e do magnata francês François Pinault dará brilho e glamour à mostra de cinema mais antiga do Velho Continente.
Entre os cineastas mais famosos presentes no Lido estão David Lynch, homenageado com o Leão de Ouro pelo conjunto da obra, seguido de Oliver Stone e Spike Lee, cujos novos filmes serão exibidos pela primeira vez na Europa na quarta-feira.

O britânico apresentará no domingo o irreverente "The Queen", um retrato cru da família real inglesa, que a rainha Elizabeth II se negou a ver.
 
Os franceses Alain Resnais, com "Private Fears in Public Places", e Benoît Jacquot, com "L'intouchable", também participam da competição oficial.

O americano Emilio Estévez apresentará "Bobby", sobre o assassinato de Bob Kennedy, em 1968, filme protagonizado por Anthony Hopkins, Demi Moore e Sharon Stone.

"Um programa 'eclético', marcado pela qualidade", definiu o jornal "Il Manifesto", que chamou a atenção para a escolha de 12 filmes de estreantes, três longas-metragens italianos políticos e incômodos, bem como a inclusão na mostra competitiva do primeiro grande filme procedente do Chade: "Daratt", de Mahamat-Saleh Haroun.

Um único latino-americano, o mexicano Alfonso Cuarón (Oscar de melhor roteiro por "E Sua Mãe Também"), concorre na seção oficial, com "Children of Men", uma produção anglo-americana com Julianne Moore e Michael Caine.
 
O brasileiro "Suely", de Karim Ainouz ("Madame Satã"), integra a seleção da mostra competitiva paralela Horizontes.
 


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Thriller de Brian de Palma abre o Festival de Veneza