Em 30 de setembro de 2001, o empresário e apresentador Silvio Santos acaba refém do sequestrador Fernando Dutra Pinto por mais de sete horas, em sua casa, em São Paulo. O jovem invadiu a mansão do dono do SBT, dois dias depois de libertar a filha de Silvio, Patrícia Abravanel. O caso teve repercussão internacional e foi parar na abertura do telejornal mais importante da concorrente, o Jornal Nacional, da TV Globo. Este é um dos fatos que cercam o mito em torno de Silvio Santos, o cara que convence o sequestrador a deixar sua família livre e mantém-se como único refém. Uma mitologia construída todos os domingos pela TV e suas aparições muitas vezes beirando o surreal.
O episódio do sequestro teve coadjuvantes do alto escalão. Com a chegada do governador de São Paulo Geraldo Alckmin e a promessa que a integridade física de Fernando seria mantida, ele liberta Silvio em um dos episódios mais inacreditáveis da história recente. O sequestrador foi morto na prisão logo depois em circunstâncias que ainda causam mais interrogações que respostas.
Este fato emblemático ocorrido com Silvio Santos é um exemplo de como sua vida e trabalho se confundem. Suas bizarrices engraçadas – e às vezes agressivas – no auditório como jogar dinheiro em forma de aviãozinho na plateia ou falar para uma pequena apresentadora como Maísa que ela não teria futuro quando crescesse, faz com que a espetacular história do sequestro entrasse de forma mais que orgânica na vida do apresentador. O bizarro e o mitológico rondam os programas televisivos de Silvio. O recente sucesso da menina fantasma é só detalhe de como ele há anos vem construindo no imaginário popular a figura de alguém com superpoderes para ser tão virtual e real ao mesmo tempo.
Assim, com a ideia de superpoderes, ele se candidatou a presidente do Brasil, em 1989, mas desistiu no início da campanha. Algo que deixou todos espantados como foi também quando anunciou crise do grupo que leva o seu nome em 2010 e depois à venda de seu banco, o Panamericano, em 2011. O inacreditável cerca a vida de Silvio Santos, até falência que era algo impensável quando escutamos seu nome, ele acabou enfrentando.
Este imponderável e o imprevisível na vida de Silvio Santos, mais do que destruí-lo, alimenta seu mito, a do homem aberto para a montanha-russa da vida e – aí entra a chave mitológica – está sempre pronto a enfrenta-la. Ele assim se firma, mais do que um apresentador ou dono de TV, mas como o grande mito criado pela TV no Brasil
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