Morgan Freeman é o mais próximo de Deus em Hollywood. De fato, interpretou esse papel em duas ocasiões. Pelo menos o dom da onipresença ele parece ter, já que neste ano apresenta quatro filmes, entre eles Truque de Mestre, que estreia na próxima sexta-feira (31) nos Estados Unidos, uma frequência que, na sua opinião, não afeta a credibilidade de seus personagens.

“Penso que, se eu acredito no personagem, o público o fará também”, disse Freeman em entrevista à agência Efe. “Se aceito um papel que não posso interpretar, algo que fiz em algumas ocasiões em minha carreira, sei que o espectador não aceitará percorrer a viagem comigo porque notará que não sou eu”, explicou o ator, que vai completar 76 anos no dia 1º de junho.

Neste ano, ele já apareceu nas telonas em Invasão à Casa Branca e Oblivion, e após Truque de Mestre, será a vez de Last Vegas, estrelado também por Michael Douglas, Robert De Niro e Kevin Kline.

“Busco histórias interessantes, que atraiam a imaginação e a atenção do público. Também fazer coisas diferentes e me encontrar com atores com os quais tenho vontade de trabalhar. Tive muita sorte ultimamente porque estes quatro papéis não se parecem em nada um com o outro. Isso é muito prazeroso para mim”, declarou.

Em Truque de Mestre, dirigido por Louis Leterrier, quatro talentosos ilusionistas assombram o público com um espetáculo de última tecnologia que envolve uma série de assaltos em nível mundial e que mantêm em expectativa o FBI e a Interpol.

Jesse Eisenberg, Woody Harrelson, Ilha Fisher e Dave Franco encarnam os integrantes da quadrilha, e Freeman dá vida a um antigo ilusionista convertido em profissional responsável por desacreditar esses supostos truques.

A ideia de roubar o dinheiro dos ricos para distribuí-lo aos pobres já esteve presente em outro filme estrelado por Freeman: Robin Hood: O Príncipe dos Ladrões (1991), protagonizado por Kevin Costner, mas o veterano ator se sentiu atraído agora pela ideia de apresentá-la “em um cenário completamente inovador”.

Além disso, o ganhador do Oscar por Menina de Ouro (2004) teve a oportunidade de dividir cenas com outra lenda do cinema, Michael Caine.

“Foi maravilhoso”, admitiu. “Acho que nós dois aproveitamos. Sou fã de Michael desde que o vi em ‘Zulu’ (1964), e dispor de mais cenas e trocar bons diálogos aqui com ele é a cereja do bolo. Não tínhamos falado nada quanto a voltar a trabalhar juntos, simplesmente aconteceu assim”, contou.

Apesar de sua idade, Freeman reconhece que continua desfrutando de sua profissão como no primeiro dia, e aprendendo com as novas gerações de cineastas.

“Nasci para fazer isso”, afirmou. “Cada vez que faço um filme, sinto a mesma emoção. É um luxo poder conhecer gente que admiro e pela qual tenho tão alta estima. A vida me trata de forma incrível”, declarou Freeman, que lembra o grande passo que deu em Hollywood ao atuar em Conduzindo Miss Daisy (1989) e Tempo de Glória (1989) de forma consecutiva.

“Estava com 20 anos de trabalho nos teatros de Nova York e então florescia minha carreira no cinema. Meu sonho se cumpria”, disse.

A esse paraíso pessoal não deve ser colocado freio. Atualmente, o veterano astro grava o filme de ficção científica Trascendence com Johnny Depp.

“De Johnny Depp sempre se pode esperar algo único”, argumentou. “Acho que as pessoas vão gostar. O roteiro pergunta aonde a tecnologia nos leva. Onde estaremos em 50 anos? O cineasta é Wally Pfister, um grande diretor de fotografia que trabalhou em todos os filmes de Batman feitas por (Christopher) Nolan“, afirmou.

Sobre sua participação na saga do homem-morcego, ele disse que foi “divertido” e “genial de fazer”, mas considera que três filmes “já são suficientes”. “Não acho que vão tocar a franquia por muito tempo. Mas talvez em 10 anos venham com uma ideia brilhante”, finalizou.


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'Se acredito no personagem, o público o fará também', diz Morgan Freeman