Se você estava em Marte, como eu, deve ter passado em branco sobre a história do My Little Pony – The friendship is magic (Meu Pequeno Pônei – a amizade é mágica), uma série para crianças que está na quarta geração, e gerou um movimento entre marmanjos que cultuam a série, conhecidos por Bronies, mistura de Brother (irmão, camarada) e Pony (de pônei, aqueles cavalinhos pequenos). Veja quem são e quais os valores eles divulgam e, claro, os preconceitos que enfrentam, nesta entrevista feita por e-mail com Calena, moderador do grupo Bronies do Brasil.
“Cada um de nós encontramos uma maneira especial de conhecer e viver nesse universo brony. Esse interesse tem muitas formas, mas eu acredito que a maioria de nós, se interessou primeiramente pelo profissionalismo que vem sendo atribuída à série desde que Lauren Faust desenvolveu a quarta geração de ‘My Little Pony’ (Friendship is Magic): as músicas são maravilhosas; a animação é ótima; os personagens possuem características únicas. Tudo isso junto forma essa série divertida e interessante, até mesmo para homens adultos”, responde Calena sobre o interesse que a série, exibida pelo Discovey Kids vem causando no Brasil e no mundo.
Para quem não conhece, a série estreou em 10 de outubro de 2010, no Hub Network, um canal de televisão norte-americano por assinatura parcialmente controlado pela Hasbro, fabricante dos jogos e brinquedos. Em10 de maio de 2014, a série terminou sua quarta temporada nos Estados Unidos, e é transmitida internacionalmente em dezenas de países, em mais de 10 idiomas. A série é exibida no Brasil pelo Discovery Kids desde 21 de novembro de 2011.
“Alguns começaram a segui-la mais por causa da brony fandom (grupo de fãs de certa série de animação) do que da série em si, porque a fandom não se limita apenas ao infantil (como se espera do show): pela internet você encontra toda sorte de coisas vindas de fãs, dos mais variados tipos de conteúdo que imaginar. Existem muitos bronies produtivos e criativos por aí e que inclusive são inspirações para outras pessoas”, explica Calena, citando entre eles DJs e músicos como The Living Tombstone, WoodenToaster, MandoPony, Black Gryph0n, General Mumble, que valem o clique. Sem contar a pegasister (feminino de brony) Lady Gaga.
O lado bacana da série é que existem muitos valores que vão contra a onda de bullying ou na sua versão digital (cyberbullying), apesar de que o próprio grupo é alvo de muitas troladas na internet. Então, amizade, bondade, felicidade, lealdade, generosidade e sinceridade, são os maiores ensinamentos que a série traz.
“Eu, particularmente, adoto dos conceitos de “Love & Tolerate” (amar e tolerar), acho a amizade algo muito importante para levar pra toda a vida, e gosto de trazer isso para os outros bronies. Mas nós não somos uma religião ou algo do gênero, a princípio somos apenas fãs da série. É claro que existem pessoas que levam mais a sério, principalmente se a série for um motivo/razão grandioso em sua vida, mas isso varia de pessoa pra pessoa”, avalia o moderador do grupo Broneis do Brasil.
Quanto ao preconceito, assim como aconteceu com outros grupos, sejam musicais, como os emos, os bronies também tem seus arqui-inimigos. “Preconceito? Existe, sim! Bastante! A primeira visão que a maioria das pessoas possui é que somos homossexuais, ou pior: pedófilos! Mas isso não é culpa nossa, e sim da sociedade que atribui esses estereótipos. Na verdade, o que nós temos é o ‘closet brony’ (bronies que não assumem que são bronies, por medo) e bronies, que em sua maioria se esforçam para mostrar aos outros o quanto gostam do show simplesmente pelo o que ele é”, finaliza Calena.