Se você der um Google com a palavra lumbersexual (mistura de lumberjack, lenhador em inglês e sexual de sexo mesmo) vai ficar espantado com a quantidade de sites e revistas falando sobre esta nova onda, até aqui no Vírgula, esta moda teve aprovação das meninas. Homens com barbas grandes, camisa xadrez, algumas tatuagens, e aquela cara de mau, no melhor estilo rústico. Bem-vindo ao mundo onde não basta ser hetero, tem que parecer hetero. O que estes sites não dizem é como ser lumbersexual num calor de 40 graus.
Vamos primeiro aos fatos:
Origem: a primeira vez que se ouviu falar em lumbersexual foi numa matéria da New York Magazine em 2010, no guia de estilo “The Urban Woodsman”, algo como Lenhador Urbano, ou um adepto do lado rústico da vida. Tudo o que veio ser escrito depois, já estava dito: uma oposição ao metrossexual, o uniforme feito de camisa de flanela, jeans e botinas pesadas, e os diferentes tipos de barba adotados por esta tribo.
Conceito: para além de todo o modismo, sim tem uma ideia por detrás disso: a crescente onda ambientalista, a ideia de fuga para o campo (quem nunca pensou, no meio de um congestionamento monstruoso na Marginal, em se mudar para uma cidade pequena?), novos modelos de trabalho onde não precisamos ficar trancados em escritórios das 8h às 18h, e por ai vai.
Moda: vamos combinar que em termos de moda, não tem nenhuma novidade. Nos anos 1990, com o grunge (lembra Nirvana, Soundgarden, Pearl Jam???), a camisa de flanela de lenhador já tinha virado uniforme. Vale lembrar que em Seattle, não somente os músicos vestiam-se assim, mas toda a população, porque grande parte dos trabalhadores, eram de fato lenhadores que trabalhavam em madeireiras.
Barba: desde 2005 assistimos ao triunfante retorno da barba, e ela vem se mantendo firme e forte desde então, quando os hipsters de Nova Iorque resolveram deixar os pelos do rosto crescerem. Desde então, o modismo tem tomado conta, e não é difícil ver entre seus amigos, um que não tenha, mesmo que ele, como todos os outros, nunca assumam que são hipster, já que o termo há muito tempo já virou uma piada.
Crise do macho: por detrás de todos estes modismos, o que temos no fundo é uma crise da imagem do macho moderno. Depois que os metrossexuais, termo que surgiu em 1994, quando o jornalista inglês Mark Simpson escreveu um artigo para o jornal The Independent, “Here come the mirror men” (algo como “Vem ai os homens-espelho”), onde ele identificava um novo tipo de homem muito vaidoso, que ele apelidou de ‘metrossexual’, ou seja, onde metro vem de metrópole. O ícone máximo foi (e continua sendo) o jogador David Beckham e seus seguidores, como o português Cristiano Ronaldo, e o brasileiro Daniel Alves.
Como diria Carmen Elektra, qual mulher quer dividir a cama com um homem que demora mais tempo no espelho do que ela? É nesta onda, de uma imagem muito mais macho man, que surgem os lumbers, ou seja, não basta ser hetero, tem que parecer hetero.