“Que show da Xuxa é esse!?” Conheça Paulo Amaral, o repórter por trás do meme de décadas (Foto: TV Globo / Globo Play – Internet / Acervo da Ageimagem)

Mesmo depois de quase quatro décadas, um dos maiores memes da internet brasileira ainda ecoa nas redes sociais, principalmente após o lançamento do documentário “Para Sempre Paquitas”, no último dia 16. Além da criança que fez a famosa pergunta “que xou da Xuxa é esse”, um outro personagem também é lembrado. Justamente o repórter. Paulo Amaral.

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O Virgula conversou com exclusividade com o jornalista para saber mais sobre o dia em que Patrícia Veloso, aos 9 anos, ganhou notoriedade, além de saber mais sobre a carreira do profissional que atuou por mais de 30 anos na Globo, 16 como repórter.

“É muito engraçado ver a repercussão de uma reportagem muito maior hoje do que na época em que foi exibida”, nos contou Paulo, que estava ainda no começo da carreira quando entrevistou a menina que desabafou diante das câmeras.

Conheça Paulo Amaral, o repórter por trás do meme de décadas “Que Xou da Xuxa é Esse!?” (Foto: Divulgação/Ageimagem)

Após anos de dedicação ao trabalho de repórter na Globo Rio, onde não apenas cobriu eventos importantes, mas também apresentou telejornais, Paulo foi transferido em maio de 2000 para São Paulo como executivo de jornalismo da emissora, e a partir daí trabalhou atrás das câmeras. Em 2016, decidiu seguir novos rumos e deixou a Globo, mas não se afastou do mundo da comunicação.

Sobre a experiência na maior emissora do país, Paulo se sente orgulhoso por ter feito parte e aprendido tanto. “Foram muitos anos e a Globo sempre pautou seus profissionais pela busca constante da qualidade. Atenção com a utilidade ao público e uma preocupa acontece a formação dos seus profissionais”, conta.

“Fiz cursos e treinamentos para executivos nas maiores escolas do país, como Amana Key e Fundação Dom Cabral. Essa formação técnica somada a formação como pessoa no meio do povo nas ruas me tornaram um profissional mais bem preparado, com uma visão de mundo mais abrangente para o novo momento da minha carreira, mais estratégico e com uma vontade incrível de repassar adiante toda experiência e conhecimento que acumulei”, continua Paulo.

“Se aquele menino da reportagem tinha um sonho, era chegar nesse momento da vida com energia e vontade de me reinventar a cada dia. De uma maneira ou de outra, esse meme mostra que tudo é possível, até viralizar 36 anos depois”, completa o jornalista.

Conheça Paulo Amaral, o repórter por trás do meme de décadas “Que Xou da Xuxa é Esse!?” (Foto: Divulgação/Ageimagem)

Saiba mais sobre como foi o dia do meme “que xou da Xuxa é esse”, por Paulo Amaral

A gente saiu da redação com uma pauta bem específica cobrir o aniversário do show e conversar com convidados e celebridades que estariam participando do programa.

E o que a gente chama de “matéria recomendada” no jargão jornalístico. Mas a pauta virou na rua, quando nos deparamos com aquela multidão do lado de fora não deu pra ignorar, as crianças estavam com muita expectativa de ver a Xuxa, quem é repórter sabe o quanto é difícil extrair uma fala que seja além de um monossílabo de crianças. mas essa menina nos chamou atenção.

O repórter cinematográfico Flavio Capitoni foi o primeiro a perceber o quanto ela estava agitada na fila. Me chamou atenção e fomos na direção dela. as outras crianças ao verem a câmera se colocaram na frente, então eu fui organizando as falas pra chegar até ela, que estava querendo falar de qualquer jeito.

O resto a câmera registrou. Vale destacar dois pontos: um é a de que a versão é, nesse caso, mais interessante que a verdade. A menina só manda o beijo para a câmera depois que desabafa, aí mais tranquila manda o beijinho e não antes. O outro ponto importante foi a autonomia do jornalismo em relação ao entretenimento.

De certa forma, falar daquela confusão depunha contra a própria Globo que não se organizou para receber aquela multidão. Mesmo assim o Jornalismo exibiu a reportagem em rede nacional.

Leia abaixo a entrevista exclusiva do Virgula com o jornalista Paulo Amaral, responsável pela reportagem sobre o meme “Que Xou da Xuxa é Esse!?”

Paulo Amaral e a mulher, Patrícia Amaral (Foto: Divulgação/Ageimagem)

Como é ver esse meme vindo à tona novamente e saber que você era quem estava ali ouvindo a criança e fazendo história?
De uma forma muito positiva e divertida. quando a internet é uma forma de entretenimento, a diversão é garantida. É muito engraçado ver a repercussão de uma reportagem muito maior hoje do que na época em que foi exibida.
Conte-nos mais sobre como estava o clima e o que acontecia antes e no momento da pergunta.
A gente saiu da redação com uma pauta bem específica cobrir o aniversário do show e conversar com convidados e celebridades que estariam participando do programa. E o que a gente chama de “matéria recomendada” no jargão jornalístico. Mas a pauta virou na rua, quando nos deparamos com aquela multidão do lado de fora não deu pra ignorar. as crianças estavam com muita expectativa de ver a Xuxa, quem é repórter sabe o quanto é difícil extrair uma fala que seja além de um monossílabo de crianças. mas essa menina nos chamou atenção. O repórter cinematográfico Flavio Capitoni foi o primeiro a perceber o quanto ela estava agitada na fila. Me chamou atenção e fomos na direção dela. as outras crianças ao verem a câmera se colocaram na frente, então eu fui organizando as falas pra chegar até ela, que estava querendo falar de qualquer jeito. O resto a câmera registrou. Vale destacar dois pontos: um é a de que a versão é, nesse caso, mais interessante que a verdade. A menina só manda o beijo para a câmera depois que desabafa, aí mais tranquila manda o beijinho e não antes. O outro ponto importante foi a autonomia do jornalismo em relação ao entretenimento. De certa forma, falar daquela confusão depunha contra a própria Globo que não se organizou para receber aquela multidão. Mesmo assim o Jornalismo exibiu a reportagem em rede nacional.
Mais fácil ser repórter ou trabalhar por trás das câmeras?
Cada uma das funções tem suas características,  por trás das câmeras você trabalha o material que é coletado pelo repórter na rua. É um trabalho de organização e de criação para valorizar o que foi gravado. Foi a sensibilidade de um editor que fez com que a história da menina fosse encontrada e exibida com destaque.
Já o repórter é o profissional que precisa de muita atenção, ser extremamente observador e apurar o máximo de informações sobre determinado assunto. sensibilidade até para perceber que a pauta inicial pode ser substituída por uma notícia mais quente.
Qual o caso que você cobriu que marcou sua carreira?
Foram quase 20 anos trabalhando na rua, eu era repórter da editoria geral e esse tipo de repórter entra em todo tipo de lugar para fazer todo tipo de reportagem. um dia você pode estar participando de um almoço com o presidente e no outro estar tomando café na casa da moradora de uma comunidade. É um trabalho apaixonante por que te deixa muito perto das pessoas e quem gosta de gente, como eu, adora o trabalho da rua. só pra não deixar sem resposta, a Globoplay tem usado alguns materiais que fiz em suas produções e me orgulho muito disso: flor-de-lis, jogo do bicho, Daniela Perez e agora Paquitas. Mas logo depois dessa reportagem cobri tragédias como o naufrágio do Bateau Mouche e o desabamento do Palace II. Mostrei a indignação dos brasileiros no plano Collor, a campanha Lula e Collor e praticamente todos os debates políticos por 3 décadas. O Carnaval eu fui da reportagem na avenida para a central de comando das transmissões. Fui testemunha da história e esse é o legado do jornalismo para as gerações futuras.
A experiência que adquiriu em anos de Globo contribuiu em que em sua carreira?
Foram muitos anos e a Globo sempre pautou seus profissionais pela busca constante da qualidade. Atenção com a utilidade ao público e uma preocupa acontece a formação dos seus profissionais. Fiz cursos e treinamentos para executivos nas maiores escolas do país, como Amana Key e Fundação Dom Cabral. Essa formação técnica somada a formação como pessoa no meio do povo nas ruas me tornaram um profissional mais bem preparado, com uma visão de mundo mais abrangente para o novo momento da minha carreira, mais estratégico e com uma vontade incrível de repassar adiante toda experiência e conhecimento que acumulei.
Se aquele menino da reportagem tinha um sonho, era chegar nesse momento da vida com energia e vontade de me reinventar a cada dia. De uma maneira ou de outra, esse meme mostra que tudo é possível, até viralizar 36 anos depois.
Como você vê hoje a nova safra de repórteres? Mais ou menos preparados?
 
Infelizmente, a velocidade da informação tornou o repórter refém do tempo apertado e da necessidade de produzir um volume cada vez maior de informação de consumo rápido. As reportagens hoje costumam encerrar com uma nota dizendo o que as partes citadas disseram. Quando na verdade é , normalmente, o que cada um fala que vai dar o caminho da reportagem. Quem está falando a verdade, os endereços, os valores, tudo que cerca uma informação precisa ser checada e rechecado. A falta desse cuidado, faz com que a gente tenha hoje um jornalismo mais declaratório onde todos se contentam com o que as partes falam e o jornalismo morre onde deveria nascer.

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"Que Xow da Xuxa é Esse!?" Conheça Paulo Amaral, o repórter por trás do meme de décadas

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