Todo o conjunto do desfile de Pedro Lourenço evocava a Moda como objeto de Arte e observação.
Um desfile sem música – silêncio quebrado apenas pelos flashes dos fotógrafos e pelo intervalo entre as trocas de roupa – em que cada modelo (entre elas Isabeli Fontana e Marcelle Bittar) parava à frente das câmeras e mostrava a roupa sob todos os ângulos.
“Desfile apenas para o PIT [área reservada aos fotógrafos e cinegrafistas]”, disse alguém da imprensa.
As peças de Pedro, mostradas ao público no subsolo do MuBE, o Museu Brasileiro de Escultura, eram isso: Arte.
O local, o silêncio. Toda a atenção foi para a roupa. Roupa inspirada no Oriente, com suas mangas de quimonos japoneses e golas como gargantilhas. Alta-costura em pele, veludo, seda, lã, babados e decotes profundos.
Do museu para a Bienal, onde acontece a maioria dos outros desfiles, as coisas tendem a mudar. O impacto do silêncio será substituído por uma música conhecida mundialmente, ou por outra desconhecida mas cheia de batida intensa. Coisa que, sem dúvida, climatiza bem.