De todos os assuntos sobre os quais já escrevi ou pesquisei tem um que, quando eu cito, faz os olhinhos dos meus interlocutores brilharem: massagem tântrica. A curiosidade é imensa. Faz sentido. Explico: é uma massagem focada nos órgãos genitais. Não tem intuito sexual, não é putaria, é outra coisa que tem um objetivo muito maior.
Já recebi algumas vezes essa massagem, a primeira numa matéria, para escrever sobre (trabalho ruim o meu, não?) e depois algumas vezes por achar incrível a maneira como mudou o jeito que eu via o sexo. Chamei a terapeuta Ananda Prem, do Centro Metamorfose, que usa as técnicas sistematizadas pelo Deva Nishok, para falar um pouco sobre isso aqui.
“A massagem auxilia o indivíduo a ter mais aceitação e intimidade com o próprio corpo, saindo do âmbito da vergonha da culpa, curando as repressões e se abrindo para expressar sua sexualidade de forma espontânea e relaxada”, diz ela.
E ela conta que os homens geralmente chegam lá no Centro insatifeitos com suas performance sexual, querendo resolver problemas tipo ejaculação precoce ou retardada, disfunção erétil, falta de libido. Pashupati, também terapeuta do Centro Metamorfose, fala que isso são males que podem ser associados a “uma revolta do corpo em seguir o ego masculino do macho comedor.
”As mulheres geralmente vão lá reclamando de falta de libido ou ausência de orgasmo. Também casais procuram o local para fazer cursos de massagem tântrica e resignificar o sexo no casamento ou namoro. Nesse caso Ananda indica o Delerium, curso multiorgástico para casais que usa técnicas do Tantra, da Bioenergética, e dos fundamentos da Psicoterapia Reichiana, indo mais além da massagem.
Pashupati diz que as massagens (que duram em media uma hora e meia) são importantes porque aumentam a capacidade orgástica e ensinam a compartilhar e a se libertar das amarras que impedem de sentir.
“Estamos todos presos dentro de uma liberdade imposta.”, diz ele. “Os homens tem de estar sempre eretos, querer comer todas, o tempo todo. As mulheres saem da repressão que veio da educação repressora e caem no estereótipo libertino. Muitas se vêem forçadas a transar muito para provar que são livres. E isso causa danos a eles e elas.”
Enquanto você não vai lá ver qual é dessa massagem, aqui vão algumas dicas do Pashupati pra aprofundar de forma tântrica a relação sexual:
1 – Usar com mais consciência os sentidos. Primeiro olhar. Seja gentil no olhar, olhe com carinho, e então perceba se aquilo que estão fazendo está agradando ao outro ou só a você.
2- Respirem o tempo todo de modo tranquilo e consciente. Se não estiver funcionando, pergunte, e ouça. Casais não conversam sobre sexo, como se o outro tivesse de adivinhar o que o outro quer ou gosta. E isso é impossível. Muitos casais não conversam sobre sexo porque a conversa vem carregada por inúmeras frustrações do passado não ditas. Tentem ultrapassar isso e sejam mais gentis nessa comunicação.
3- E respirem. Se as pessoas não respira o sistema entra em vários códigos, incluindo os de sobrevivência, stress, ansiedade. E isso muitas vezes faz o homem ejacular antes do que gostaria ou a não sentir mais profundamente, o que também pode afetar as mulheres.
4- Toquem-se bastante e de várias formas, várias intensidades e ritmos. Sexo é troca, sintonia, compartilhar.
5- Procurem realmente levar a consciência para o que está acontecendo aqui agora. Esqueçam os problemas externos, deixe passar sem se prender todos os pensamentos obsessivos, repetitivos. Se estiver tocando, leve toda sua consciência para o toque. Se estiverem beijando levem toda a atenção para a boca, e sintam. Sexo também é atenção, é preciso um foco relaxado, colocar atenção total naquilo que estiverem fazendo.
6 – E existe também a intenção. Qual a intenção com o sexo? Alívio? Relaxamento? Submissão? Dominação? Troca? Compartilhar? Sabendo o que realmente quer e espera daquele momento em particular fica mais fácil curtir ou se desvencilhar do que é preciso.