O caso do menino Miguel Otávio Santana da Silva, que caiu do 9º andar de um luxuoso prédio de Recife enquanto estava sob os cuidados de Sari Corte Real, patroa de sua mãe e primeira-dama de Tamandaré, chocou o país. Não só isso, fez muitos refletirem sobre racismo e trabalho doméstico.
Diante da morte do menino de 5 anos, Valesca Popozuda fez um impactante relato sobre sua infância no Twitter, nesta sexta-feira (5). Assim como Miguel, a funkeira é filha de empregada doméstica e às vezes também precisava ir para o trabalho da mãe.
“Quando minha mãe era doméstica e precisava me levar com ela, era o único momento do dia que a gente tinha a refeição, e um dia uma ex-patroa dela reclamou que minha mãe iria fazer 2 pratos, naquele dia minha mãe não almoçou, apenas eu almocei”, relembrou.
Tem um trecho do meu livro q eu conto quando minha mãe era doméstica e precisava me levar com ela, era o único momento do dia q a gente tinha a refeição, e um dia uma ex patroa dela RECLAMOU q minha mae iria fazer 2 pratos, naquele dia minha mãe não almoçou, apenas eu almocei…
— Valesca Popozuda #Furduncinho (@ValescaOficial) June 5, 2020
Valesca ainda compartilhou: “quando eu vejo pessoas argumentando por que a mãe do Miguel levou ele, eu lembro da minha mãe que não tinha com quem me deixar, ela precisava me levar, e eu ajudava minha mãe com 8 anos a fazer faxina pra que ninguém reclamasse que eu estava lá.
“Quando eu fiz sucesso e pude tirar minha mãe da casa dos outros eu tirei, falei pra ela: ‘a partir de hoje a senhora não trabalha mais pra ninguém, não precisa mais disso!’ Graças a Deus até hoje consigo manter ela em casa, agora ela tá se curando de um câncer e eu cuido dela”, completou.
Quando eu fiz sucesso, e pude tirar minha mãe da casa dos outros eu tirei, falei pra ela: Apartir de hoje a senhora não trabalha mais pra ninguém, não precisa mais disso! Graças a Deus até hoje consigo manter ela em casa, agora ela tá se curando de um câncer e eu cuido dela
— Valesca Popozuda #Furduncinho (@ValescaOficial) June 5, 2020
Entenda o caso
Miguel Otávio Santana da Silva faleceu na última terça-feira (2) ao cair do 9º andar do condomínio Píer Maurício de Nassau, que faz parte do conjunto conhecido como “Torres Gêmeas”, em Recife. No momento do acidente, ele estava sob responsabilidade de Sari Corte Real, primeira-dama de Tamandaré e patroa de sua mãe, Mirtes Renata Souza.
Neste dia, o menino acompanhava a mãe no trabalho e ficou com Sari enquanto Mirtes passeava com o cachorro da família. No entanto, ele queria procurar a mãe e Sari, que estava fazendo as unhas com uma manicure, deixou que pegasse um elevador sozinho, segundo aponta a câmera de segurança. Ele foi parar na área das casas de máquinas, de onde acabou caindo.
A primeira-dama de Tamandaré foi presa em flagrante, mas solta em seguida após para uma fiança de R$ 20 mil. Ela poderá responder ao processo de homicídio culposo, quando não há intenção de matar, em liberdade.