Os tempos não andam nada cor-de-rosa para os homossexuais. Apesar da Parada do Orgulho Gay de São Paulo – que acontece neste domingo (06) – reunir milhões de pessoas, pesquisa recente do Datafolha aponta que a maioria dos brasileiros é contra a adoção de crianças por casais homosexuais, o projeto que criminaliza a homofobia (Projeto de Lei da Câmara PLC – 122/2006) se arrasta a passos lentos pelos corredores do Congresso Nacional e uma parte da mídia – durante o reality show Big Brother Brasil 10 – recentemente difundiu o termo heterofobia (o ódio dos homossexuais pelos héteros) colocando em campos opostos pessoas que seguem orientações sexuais diversas. Mas é importante ressaltar e sublinhar que muitos heterossexuais se engajam na luta pelos direitos dos gays e são no mínimo “simpatizantes” – esse termo importante esquecido no meio de tantas siglas do movimento homossexual. O Virgula conversou com alguns héteros famosos que entendem a cultura gay como algo positivo e não ameaçador ou aniquilador dos chamados “bons valores”.

“É muita viadagem esse lance de homofobia”, diz brincando o jornalista e escritor Xico Sá – que durante algum tempo assinou a Coluna Macho da Revista da Folha de São Paulo. “Os gays tem uma contribuição enorme para a cultura no mundo. Tudo seria mais sem graça, sem humor, sem inteligência, se não existissem os homossexuais”, finaliza.

Um mundo mais tolerante é também a proposta de Adriane Galisteu. Amiga de inúmeros gays, a apresentadora que está grávida de seu primeiro filho, pretende através da educação que ele aprenda a respeitar o diferente e que isso facilitará para que ele não se torne homofóbico: “Meu maior tesouro para o Vittorio é fazer com que ele tenha uma belíssima educação, tanto numa boa escola como nos valores que posso passar como o respeito pelas diferenças. Eu ficaria muito feliz se ele visse uma pessoa diferente dele e a respeitasse”.

Britto Júnior, apresentador da Record, percebe que ainda tem muito preconceito em relação aos gays. “O que existe ainda é discriminação, e isso sim precisa ser combatido. Essa festa [a Parada Gay] é um momento de consolidação desse público, pela causa já ter sido abraçada”, diz se referindo ao enorme número de pessoas – gays e héteros – que comparece na Parada de São Paulo.

“Frequento boates gays e já fui na Parada Gay em São Paulo. Eu sou a favor da causa sim. As pessoas tem que ser livres para amar e serem felizes. Sou contra todo tipo de discriminação. Acho importante as pessoas lutarem pelos seus ideais. E eu amo muito os gays, eles colorem as nossas vidas”, relata a atriz e apresentadora Ellen Rocche.

O convívio com os gays pode ser muito positivo como relata Supla. “Eu tive uma namorada que uma vez me falou: ‘Vou pegar na sua neca’. E eu pensei: ‘O que é isso?’. Eu faço descoloração no salão de Celso Kamura e lá todo mundo fala ‘arrasa’, ‘bofe’ e aí fiquei sabendo que neca era pênis”, fala o roqueiro para depois soltar uma risada.

Com isso surgiu um dos seus últimos hits: Arrasa, Bi

“Sou a favor de cada um, cada um e o respeito é essencial para quem vive em socidade, por isso discriminar os gays não está com nada”. Perguntamos para o Supla se ele já sofreu preconceito pelo seu visual estiloso e único, já que roupas mais ousadas são associadas aos homossexuais. Sempre anárquico, rebateu: “Enquanto o cara tá me enchendo o saco, a namorada dele quer sair comigo”.

Para muito longe do discurso pernóstico da heterofobia e uma suposta rivalidade com os gays, cada vez mais héteros conscientes de uma sociedade mais justa e tolerante arrasam no apoio à causa gay.

Confira a galeria:


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No dia da Parada, héteros famosos se jogam no apoio à causa gay