Negros famosos
Neste sábado (20) é celebrado o Dia da Consciência Negra que tem como finalidade criar reflexões entre os brasileiros sobre a inserção do negro na sociedade, no mercado de trabalho, a criação de cotas em universidades, se há preconceito por parte dos policiais entre outros temas e com isso, tentar extinguir o racismo.
A escolha da data foi feita por coincidir com o dia da morte de Zumbi dos Palmares, em 1695, que foi um grande líder do Quilombo dos Palmares, em Alagoas. Batizado com o nome de Francisco, Zumbi foi capturado quando garoto por soldados e entregue ao padre Antonio Melo, de Porto Calvo, de quem recebeu educação e aprendeu o português e o latim. Já na adolescência, fugiu e voltou para o local em que nasceu, em Palmares. Um tempo depois passou a ser o líder do Quilombo local e lutou insistentemente para tentar conseguir liberdade a todos. Mesmo sobrevivendo após travar uma batalha de invasão do quilombo, em que o local foi destruído, Zumbi foi morto, em1695, teve sua cabeça cortada e levada ao governador Melo e Castro.
A história da população negra no Brasil é marcada por injustiças e atitudes desumanas sofridas por pessoas dessa etnia. O Virgula entrevistou a atriz Juliana Alves, que está interpretando a personagem Clotilde Matoso na novela global Ti-ti-ti, para falar sobre o preconceito e a desigualdade que os negros sofrem até os dias de hoje. Ela também foi agente de saúde da ONG Criola, que luta contra o preconceito às mulheres negras.
Juliana contou que já foi vítima de racismo de forma explícita e dissimuladamente. “Decidi não aceitar o racismo como ‘coisas deste mundo em que vivemos’ e sim como um obstáculo a ser vencido. Aprendi a me defender quando precisei e a não abaixar a cabeça. Percebi que o problema não está em mim e sim na pessoa que discrimina”, contou a atriz.
O sistema de cotas para negros e pardos ingressarem em universidades no Brasil é, até hoje, muito questionado. Opiniões divergem entre uma tentativa de consertar a injustiça, já outros preferem achar que as cotas pode ser uma forma de menosprezar o negro, dizendo que ele é incapaz de conseguir uma igualdade por sua própria capacidade.
“No que diz respeito a igualdade de oportunidades ainda estamos muito atrasados. Ainda cumprimos cotas pré-estabelecidas. Isso significa que ainda precisamos reparar essa injustiça social”, comentou a atriz, que hoje estuda Psicologia na Universidade do Estado do Rio de Janeiro e foi uma das beneficiadas desse sistema de cotas.
Juliana também contou sobre a dificuldade de uma criança conseguir entender o porquê da pessoa negra, infelizmente, ainda ser tratada de forma diferente. “Há uns meses minha sobrinha chegou em casa perguntando porque ela era daquela cor, por que o cabelo dela era daquele jeito. Nunca ouvi falar de uma criança branca que questionasse sua origem. A escola é grande responsável pela socialização dos indivíduos”.
Aos poucos o mundo começa a mudar e abrir as portas para pessoas de diversas culturas e etnias. A conquista da presidência dos Estados Unidos por Barack Obama ficou marcada na história por ser o primeiro presidente negro do país mais rico do mundo.
Várias atitudes vêm sendo tomadas em relação ao racismo com a tentativa de mudar a história, sejam elas de curto ou a longo prazo. “Estou bastante esperançosa pelas iniciativas que estão sendo tomadas, temos uma lei que obriga o ensino de história e cultura afro em escolas de ensino fundamental e médio. Já que as crianças reproduzem valores que absorvem através do que aprendem, ninguém nasce racista”, completou a atriz.
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