Entrevista com Narciza Tamborindeguy
No clássico filme de Federico Fellini, A Doce Vida (La Dolce Vita, 1960), a bela Anita Ekberg interpreta uma estrela do cinema, Sylvia. A personagem parece mais uma loira lesada a princípio e é usando desse artifício que numa entrevista com jornalistas sedentos de declarações picantes, ela ludibria a todos e responde o que bem entende, deixando todos encantados. Foi exatamente nessa sequência que pensei quando terminei a entrevista flash com Narciza Tamborindeguy. Ai, que absurdo, ela ditou o ritmo de minhas perguntas na “velô da dicção de Carmen Miranda” e foi a própria socialite que resolveu encerrar a entrevista, fazendo tudo isso de maneira simpática e cativante. Aliás, “socialite não, eu sou rainha do underground”, como confidenciou minutos antes da gravação da entrevista exclusiva para o Virgula. Um dos símbolos do Rio de Janeiro atual, Narciza – agora com z – está em São Paulo para promover o lançamento de seu segundo livro de dicas e memórias Ai, Que Absurdo! A noite de autógrafos foi em uma loja de design, a Benedix, na quarta-feira à noite (10), e depois Narciza passou o dia seguinte divulgando o livro na mídia.
Entre as histórias absurdas, ela conta de um fracassado rapto do cantor Chico Buarque: “Minha amiga queria dar ‘boa noite, Cinderela’ nele e levar ele pra Angra”, mas já envolvida pela moda do politicamente correto emenda dizendo que ainda bem que não deu certo. Ela diz também que ainda bem que tem filhas e mãe repressoras para darem uma segurada na onda dela.
Como autointitulada rainha do underground, diz que foi ela que inventou com as amigas as expressões muito usadas no mundinho: “eike loucura”, “eike absurdo”, em referência e chocho a sonoridade do nome do empresário Eike [pronuncia-se aique] Batista.
Mas ao ser perguntada se é realmente a rainha do underground, ela diz que é formada em Direito, sempre levando a conversa para onde ela quer como a bela Sylvia de Fellini. Aliás, entrevistar Narciza é um ato felliniano. Ai, que loucura, eike absurdo!