Ninguém leva o título de o Rei da Noite impunemente. No reinado de Ricardo Amaral pelo mundo – ele foi dono de casas noturnas em Nova York, Paris, São Paulo e Rio de Janeiro – circularam pelas suas pistas personalidades como Danuza Leão, Paulo Francis assim como o artista pop Andy Warhol. Com extremo senso de espetáculo – foi ele que iniciou a queima de fogos de artifício no Réveillon do Rio – e uma sábia alquimia para misturar pessoas de diversas tribos, seus clubes eram paradas obrigatórias para artistas, intelectuais e políticos. Agora, suas histórias de baladas eternas estão impressas no livro Ricardo Amaral Apresenta: Vaudeville – Memórias, que ele lança nesta segunda-feira (29), na Livraria Cultura do Conjunto Nacional, em São Paulo, às 19h.

Em entrevista exclusiva para o Virgula, Ricardo fala sobre a noite que reinou, o processo de “viptimização” que sofremos hoje e como seria sua noite perfeita

Virgula: Como era a vida noturna em São Paulo e no Rio na época do Hippo?

Ricardo Amaral: Nos anos 70, quando iniciaram os Hippos de SP e Rio, a vida noturna era fechada a um grupo restrito de pessoas. Quando se saia a noite, nas poucas opções que haviam, compartilhava-se as noitadas com pessoas, como costumo dizer, com nome e sobrenome. Imperava o glamour e a elegância, as pessoas se preparavam para sair à noite. Estes clubes foram também um ponto de referência. A esticada natural das grandes festas.

V: Quais as diferenças básicas da noite de hoje para a noite comandada por Ricardo Amaral?

RA: Era personalizada. As gerações conviviam com naturalidade. As celebridades eram tratadas com respeito, mas como pessoas comuns.

V: Como você vê o processo de “viptimização” [todos querem ser VIP] que acometeu a noite no Brasil nos últimos tempos?

RA: Uma besteira. As chamadas áreas VIPs sempre olho com desprezo, tenho até vergonha de estar nelas. BBB é VIP? O interessante da noite é o convívio e nada pior que ficar fechado num cercadinho e longe da ação.

V: Qual é a receita pra você de uma pista e de uma casa noturna ideal, com gente bacana. O que precisa para a noite ser memorável?

RA:  Claro que hoje existem grupos de interesses diferentes, estilos musicais os mais váriados possíveis, tribos com sua própria identidade. Essa receita é para um lugar elegante, divertido, glamouroso. É simples, temos que misturar um pouco de tudo, inclusive gerações. O mix inclui mulheres bonitas, poderosos empresários e políticos, mulheres glamourosas, artistas, mulheres elegantes, intelectuais, mulheres descoladas, jornalistas e claro que um pouco de uma dosagem de putas. Esse ultimo ingrediente tem que se colocar com a mesma parcimônia com que se põe pimenta na feijoada, é para dar um saborzinho, mas demais fica insuportável!


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Na festa perfeita do Rei da Noite Ricardo Amaral vale até prostitutas