Milhões de pessoas desafiaram a chuva neste domingo para participar da
17ª edição da Parada do Orgulho Gay de São Paulo, uma das mais
importantes do mundo e que este ano quer estimular que as pessoas
assumam publicamente a homossexualidade.
“Para o armário,
nunca mais! – União e conscientização na luta contra a homofobia” é o
lema da parada deste ano, que espera um número recorde de 3,5 milhões de
participantes, segundo os organizadores.
A concentração de
pessoas na Avenida Paulista começou no início da manhã e a chuva
transformou a multidão em um rio multicor de guarda-chuvas.
“É
nosso principal evento do ano e com chuva ou calor não poderíamos
deixar de vir. E desta vez é muito especial porque muitos vão sair do
armário e nos acompanhar na caminhada”, disse à Agência Efe o arquiteto
Luiz Sombra.
A parada deste ano terá três trios elétricos
oficiais, um deles com a presença da cantora Daniela Mércury, que
recentemente assumiu uma relação homossexual, mas o evento ainda contará
com, pelo menos, mais 14 carros com DJs e música.
O
fechamento do evento, com um espetáculo musical programado para esta
noite na Praça da República, terá as apresentações de Ellen Oleria,
vencedora do programa de televisão “The Voice Brasil”, e a cantora
Mariene de Castro.
Neste ano, várias dos blocos da Parada do
orgulho Gay se inspiraram em manifestações contra o pastor evangélico e
presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados,
Marcos Feliciano, sempre polêmico por suas declarações contra os
homossexuais.
A ministra da Cultura, Marta Suplicy, que quando
prefeita de São Paulo revitalizou a Parada do Orgulho Gay, manifestou
seu repúdio pelas declarações de Feliciano, que promove no Congresso um
projeto para a “cura gay”, através de um tratamento psicológico
financiado pelo Estado.
“Parece que não temos muito progresso e
temos uma tragédia grega na Comissão de Direitos Humanos e com isso
chegamos ao ápice na falta de respeito à comunidade”, declarou Marta em
entrevista coletiva prévia à parada.
Na mesma entrevista
coletiva, o governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, disse
que respeitava as diferentes crenças religiosas e respaldou as
manifestações de diversidade sexual.
“O estado é laico e isso é uma garantia constitucional e a riqueza de São Paulo é a diversidade”, destacou Alckmin.
O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, no entanto tanto, assinalou
que “é um desejo do país não opor-se aos direitos civis e não podemos
admitir que aqueles que em algum momento sofreram com a intolerância
sejam promotores dessa mesma incompreensão”.
A Parada do
Orgulho Gay começou oficialmente na quinta-feira com uma feira cultural,
um ciclo de cinema, entrega de prêmios a personalidades identificadas
com os direitos dos homossexuais e uma série de espetáculos artísticos
em diversos pontos da cidade.
O governo municipal lançou neste ano um guia turístico e comercial para o público homossexual.