Miguel Falabella e Marília Pêra falam sobre o musical Alô Dolly
Miguel Falabella, 56 anos, resolveu deixar de atuar na TV. Com o emblemático seriado Pé Na Cova que, falando sobre morte, ele diz que vai “enterrar sua carreira de ator televisivo”. Ele quer se dedicar a escrever mais seus projetos cheios de gente estranha. Foi assim que começou a coletiva com o ator ao lado da atriz Marília Pêra, 70 anos, nesta segunda-feira (25) no Teatro Bradesco, em São Paulo.
Miguel afirma que não está ressentido ou magoado com o veículo, apenas acha que priorizando seu trabalho como roteirista atingirá uma qualidade que jamais tivera. “Também já não fico mais empolgado em atuar. Perco a minha hora de dizer o texto para ficar admirando Marília (Pêra) na gravação”, diz isso sob o olhar levemente constrangido da atriz. Mas ela o interrompe dizendo que mesmo assim, ele não tem piedade quando a dirige. “Ele me corrige atuando o tempo todo, diz que tal fala não ficou boa e me manda refazer, alí na hora, entre uma fala e outra. Ele me dirige com tanta naturalidade que os câmeras não cortam, achando que é frase do personagem dele” diz aos risos.
Mas o diretor não acha que só a sua “morte televisiva” conseguiu fazer com que Pé Na Cova o convencesse a ficar de “segunda à quarta” gravando desde a manhã até a noitinha: “Eu também quis falar sobre o Brasil, sobre esse país da caretice. Queria ter um lugarzinho na TV onde pudesse ser transgressor, onde as pessoas conseguissem ver gente diferente, e ver que gente diferente tem em qualquer canto. Eu queria falar de pessoas que se dão mal na vida, gente sem padrão e gente estranha que é a graça desse pais”. Marilia interrompe novamente: “E abrir a porta pra gente talentosa, que não é propriamente bonita”. Miguel cai na gargalhada.
Conta que quando vai apresentar um projeto na alta cúpula da TV Globo, os diretores já gritam: “Lá vem o Falabella com seus projetos esquisitos e sua gente velha e feia”. Aos risos, ele diz que há 15 anos vem colocando gente estranha e feia na TV e de mansinho todo mundo aprova.
Em Pé Na Cova, existem muitas caras novas para a TV, mas a atriz Eliana Rocha é usada por ele como exemplo: “A atriz que faz a Luz Divina está fazendo muito sucesso, e estão falando que é nova. Nova o c******, ela já faz teatro há 60 anos e nunca foi aproveitada na TV. Já Karin Hils, que foi do Rouge, que eu nunca havia escutado falar, é uma das melhores cantoras que conheço, tá batalhando há séculos”. E aí alguém na entrevista coletiva pergunta: “E a Mart’nália?” E o ator rispidamente responde: “A Mart’nália é outra coisa! Eu dirigí um show dela, e rí tanto com nossos bastidores, que disse: Quero a Mart’nália no seriado! É a síntese da brasilidade e das pessoas contemporâneas de orgulho e bom humor. É isso que eu procuro nas pessoas. É sucesso popular, eu adoro. O caso da Mart’nália é especial!”.
É difícil acreditar que este é mesmo o momento certo de Miguel deixar a TV, onde ele atinge uma maturidade e o “sucesso popular” que diz adorar, e até perseguir.
A verdade é que contratualmente ele gravará em maio seis episódios especiais de Sai de Baixo 2, onde reviverá Caco Antíbes. Depois, a terceira e última temporada de Pé Na Cova e, até lá, antes dele sair de vez da TV, “muita água passará embaixo dessa ponte” e nos resta aguardar. E se nada mudar até lá nas decisões do ator, os fãs do estilo Falabella ainda terão o consolo de que ele faz questão de reforçar: “Paro de atuar na TV, mas nunca no teatro, terão que me aguentar, no teatro encerrarei minha carreira depois dos cem”.
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