Maria Casadevall e Tainá Muller se apresentam no projeto “Leitura Solidária”

Maria Casadevall e Tainá Muller se apresentam no projeto “Leitura Solidária” (Foto: Divulgação)

A Leitura Solidária, projeto idealizado pela atriz e produtora Christiane Fogaça, que reúne
artistas em prol de ações humanitárias, tem apresentação única no histórico Teatro Oficina.
O evento, desenvolvido em parceria com a produtora cultural Maristela Bueno, convida
artistas renomados para as leituras, selecionando uma instituição específica para beneficiar
a cada edição. Desta vez a ação será destinada para duas companhias de teatro que
perderam tudo nas enchentes do Rio Grande do Sul.

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O elenco conta ainda com Airam Mares, Allye Reis, Amanda Zassi, Bárbara Matias Kariri, ,
Camila dos Anjos, Christiane Fogaça, Clodd Dias, Lais Lira, Mayara Baptista e Mônica Iozzi.
Nesta apresentação a atriz Maria Casadevall, além de atuar, co-dirigirá a performance ao
lado da dramaturga Ticiane Simões, que também assina o texto “Precisamos Falar sobre a morte”.

“Precisamos Falar Sobre a Morte é uma obra que me proporciona um mergulho para dentro
de mim mesma, desfolhando as mortes com as quais convivo ao longo da vida e que nem
sempre percebo. As mortes que empurro para debaixo do tapete; as mortes
experimentadas por mim e por outros quando o pano se fecha e as luzes se apagam; as
mortes da população negra neutralizada e normalizada pela branquitude; aquelas de
quando sufoco as palavras e morro por dentro; ou quando preciso conviver com as perdas,
as frustrações, as relações finalizadas ou com a solidão, sendo a minha própria companhia; a
morte dos suicidas e, por fim, a morte ficcional que me dá a constatação de que sua
matéria-prima se encontra no plano real e de que sou produto do emaranhado de verdades
e mentiras que se entrelaçam e tomam vida quando fisgo e colo no plano da arte. E, antes
de tudo, é um convite ao luto em celebração de vida, de encontros e (re)encontros de
forças, vontades e desejos. Com essa proposta de encenação, que nasce na vontade de não
se estar só, floresce na vontade de dizer aos fazedores dessa nossa arte, o Teatro, que nós
sentimos suas dores, que elas também são nossas. Que apesar do cansaço vale a pena o
recomeço. Começo meio começo, de Nego Bispo nos banha com a sabedoria de que o fim é
apenas mais um outro começo. As águas que arrancaram casas, vidas, se sonhos, também
doa espaço para a limpeza, o renascimento. Por fim, a leitura de Precisamos Falar Sobre a
Morte se materializa na potência que mora na união das mulheres artistas, no
entendimento de que esse espaço é terreiro que precisa de rega diária”, explica a
dramaturga e diretora Ticiane Simões.

“Ter a chance de engajar iniciativas através da arte que fortaleçam causas invisibilizadas e
contar com artistas conhecidas do público para isso já é de extrema importância política e
social ainda mais, como nesta ocasião, se tratando de ter a classe artística mobilizada para
fortalecer outra parte da mesma classe afetada por uma tragédia político-ambiental como a
que aconteceu no RS, traz uma dimensão importante de mobilização de classe. Ressaltar
que esta edição do projeto Leitura Solidária conta também com o poder de compartilhar o
capital simbólico da visibilidade de artistas renomadas com artistas independentes das artes
da cena no palco histórico do Teatro Oficina tornam esta uma oportunidade de se pensar
caminhos para potencializar e manifestar o potencial da criatividade artística entre
mulheres (e pessoas não binárias) e fomentar a solidariedade coletiva da sociedade”,
enfatiza Maria Casadevall.