"Heil Hitler, o porco está morto", um livro do diretor de fotografia Rudolph Herzog lembra as piadas sobre o regime nazista (1933-1945) e pretende demonstrar que os alemãs não faziam um culto incondicional a Adolf Hitler.
 
Compilando os esquetes apresentados nos cabarés alemães da época, assim como as piadas contadas nas ruas entre 1933 e 1945, Rudolph, filho do cineasta Werner Herzog, pretende "mudar a percepção da sociedade da época, pois as principais imagens daquele período são imagens da propaganda".

O livro de 240 páginas menciona as piadas pró e antinazistas, assim como as piadas judaicas, "espelho da sociedade", segundo Herzog.
 
"As histórias populares mostram, ao contrário do que nos disseram os historiadores depois da guerra, que as pessoas não estavam hipnotizadas por Hitler e pelo regime, mas que os olhavam através", explicou.

"Como mostra um comentário sobre o 'novo homem, que será magro como Goering, louro com Hitler e grande como Goebbels', tudo ao contrário da realidade", cita.

Algumas piadas sobre os campos de concentração demonstram que a população sabia o que acontecia. "Depois da guerra, se disse que as pessoas não sabiam, mas as piadas sobre Dachau, que foi aberto em 1933 (como campo de internação para opositores políticos) demonstram o contrário", afirma o autor da obra, de 33 anos.

Depois de Stalingrado, as piadas se tornaram mais negativas, mais fatalistas. "Goering e Hitler estão em um barco, começa uma tempestade e o barco vira. Quem se salva primeiro? Resposta: a Alemanha", menciona Herzog.
 
À medida que as coisas pioravam, contar uma piada se tornava perigoso, como mostram alguns atos de execução ordenados pelos tribunais nazistas. Assim, o padre católico da Baixa Saxônia Josef Mueller e uma trabalhadora de Berlim foram executados por uma palavra dita fora da hora.

No entanto, lembra Herzog, as piadas em si não custaram a vida deles. "O padre era um opositor conhecido e a mulher tinha problemas com as autoridades, pois seu marido havia morrido em Stalingrado".


int(1)

Livro de piadas lembra o humor dos alemães durante o nazismo

Sair da versão mobile