A ex-BBB Juliette Freire emocionou seus fãs ao compartilhar um relato sobre as crises de ansiedade que enfrentava ao entrar em lojas, um reflexo de traumas vividos durante a infância. “Carreguei isso por muito tempo”, revelou a cantora, destacando como as mensagens que ouviu na infância marcaram profundamente seu sistema emocional.
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Juliette explicou que frases ditas por sua mãe, como “isso é meu sangue, é meu suor”, quando ela desperdiçava algo, acabaram gerando associações emocionais intensas com situações de consumo. Mesmo após alcançar a independência financeira, essas memórias inconscientes continuaram a afetá-la, provocando ansiedade em situações cotidianas.
Segundo Telma Abrahão, biomédica, especialista em neurociências e desenvolvimento infantil, o caso de Juliette é um exemplo de como experiências vividas na infância moldam nosso sistema nervoso e a forma como vemos a nós mesmos, as relações e o mundo. “Durante a infância, o cérebro está em formação e é altamente sensível ao ambiente. Experiências carregadas de emoção, principalmente o medo, podem manter o sistema de “luta ou fuga” hipervigilante, levando a respostas automáticas e muito estresse ao longo da vida”, explica.
A especialista destaca que uma educação autoritária, baseada no medo, ameaça e castigos, podem ativar o eixo hipotálamo-hipófise-adrenal, responsável pela liberação do hormônio do estresse, o cortisol. Isso faz com que o cérebro opere em estado de hiperalerta, prejudicando regiões como a amígdala, que processa o medo e a ansiedade, e o córtex pré-frontal, responsável por decisões e controle emocional.
Para Juliette, a terapia foi fundamental para acessar essas memórias e ressignificar as experiências, permitindo que ela começasse um processo de cura. “É importante lembrar que esses padrões emocionais, conhecidos como memória implícita, ficam registrados no corpo e no sistema nervoso, mesmo quando não há consciência plena de suas origens”, ressalta Telma.
A declaração de Juliette traz à tona a importância de práticas educativas conscientes. “A Educação Neuroconsciente foi criada para ensinar pais e cuidadores sobre o impacto de suas palavras e atitudes no desenvolvimento humano desde a infância. Não é sobre culpar, mas sobre conscientizar”, afirma Telma Abrahão, criadora dessa abordagem educacional e autora best-seller.
O relato da ex-BBB é uma reflexão valiosa sobre como as palavras e comportamentos na infância podem influenciar toda uma vida, mas também sobre a possibilidade de superação e cura. “Quando entendemos o impacto do nosso comportamento como pais, temos a chance de transformar a forma como educamos, promovendo segurança emocional e um legado de saúde mental para as próximas gerações”, conclui a especialista.