Jojo e Gracyanne choram para se exercitar; personal aponta como problema (Foto: Divulgação)

Caretas, gritos de dor ou até mesmo o famoso “teto preto” durante os treinos estampam as redes sociais de diversos influenciadores fitness e a frase “no pain, no gain” ganha ainda mais força. Um exemplo recente foi Jojo Maronttinni, que impressionou os seguidores com a intensidade da atividade física.

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Gracyanne Barbosa também já publicou vídeos chorando diversas vezes, mesmo com o corpo habituado a treinamentos intensos. Elas são alguns exemplos, mas não são as únicas.

Essa quebra de limite é mesmo necessária? Personal trainer e um dos pioneiros em treinamento funcional e online com o TDS (Treino do Sapo), Bruno Sapo garante que não e aponta a divulgação dos exageros como um problema:

“Essa exaltação da dor, além de um conceito antigo em que diversos estudos já provaram o contrário, é um desserviço que mais afasta do que agrega pessoas sedentárias a iniciar a prática do exercício. Alguém pensando em começar a treinar, vê um vídeo desses e pensa ‘eu preciso passar por isso para ter resultado? Não, obrigado.’ Ninguém, em sã consciência, quer sofrer. Se você faz algo que te causa desconforto extremo, sua reação instintiva é fugir”.

Qual é o limite?

O corpo humano é uma máquina bem ajustada e mostra de diversas formas seu limite. “O sinal mais evidente de que você ultrapassou esse limite é não conseguir fazer atividades rotineiras, como sentar/levantar para ir ao banheiro ou não conseguir andar direito, por exemplo”, explica Bruno.

Mas sim, um leve incômodo ainda é normal. “Quando começamos algo novo, nosso corpo se adapta para aquilo. Então é natural sentir um ligeiro incômodo por, em média, 48 horas pós treino. De acordo com o profissional, é necessário levar o corpo a essa adaptação. “É importante que haja uma progressão, tanto de volume quanto de intensidade”.

Sem descanso, sem ganho

Na verdade, a frase que faz mais sentido é essa, considerando que é no descanso que a musculatura, de fato, se desenvolve. “Quando treinamos, provocamos diversas microlesões no tecido muscular e geramos adaptações que só vão ocorrer em repouso”, afirma Sapo. Mas é importante lembrar que o corpo não sabe contar, então não existe um número mágico, é necessário ouvi-lo. “Cada pessoa é diferente e com objetivos diferentes”.

No entanto, o profissional recomenda uma base para quem quer dar o primeiro passo: “Treinos de força duas vezes na semana provocam diversos efeitos positivos na saúde, além de reduzir a probabilidade de doenças. A OMS também recomenda que adultos façam entre 150 e 300 minutos de atividade física moderada ou entre 75 e 150 minutos de atividades físicas intensas por semana”.

O risco além dos likes

O que pode ser considerado ainda pior do que o desestímulo ao exercício, é a exposição ao risco de lesão. Treinos exagerados ou “inovadores”com objetos que não foram feitos para essa finalidade, podem ser extremamente perigosos e causar lesões permanentes. “Entre todas as modinhas, eu vetaria essas que incluem treinos com materiais absurdos, como agachar com um objeto enorme nas costas ou ficar em pé em cima de superfícies instáveis com altas chances de cair”.

Profissional e pioneiro nos treinos online, em sua maioria feitos em casa, Bruno destaca inclusive os riscos dos exercícios em casa sem acompanhamento profissional. “Vejo muitos desses ‘desafios’ na internet, que parecem ingênuos, mas que podem causar sérias lesões em quem não está muito preparado. É melhor não fazer”.

Entre os exercícios tradicionais, o personal afirma que vale o bom senso. “Não existe nenhum vetado, mas sim, a forma como são feitos e principalmente para quem são feitos. Existem modalidades que você vai fazer uma flexão de cabeça pra baixo. No entanto, ninguém é obrigado (ou não deveria ser) a ficar de cabeça pra baixo, por exemplo”.

Faça o que tem que ser feito

O principal ponto é não se deixar desestimular pela forma com que a atividade física é divulgada na internet. “Todos vão precisar da musculação um dia. Agachamos quando vamos ao banheiro, levantamos do sofá e da cama. Não queremos precisar da ajuda de terceiros para tomar banho, por exemplo. A partir de certa idade, perdemos mais massa muscular e força, o que pode gerar diversos problemas de saúde. Logo, treinar força é essencial.”

Para Sapo, a fórmula para não se deixar desestimular pelos exageros de influenciadores é ter propósito. “Saber o porquê você está fazendo algo é um diferencial. Treinar para melhorar a saúde é um bom argumento, mas por ser a longo prazo, não funciona para a maioria. Determinar objetivos de curtíssimo prazo, para que consigamos continuar nos motivando com os ganhos, é uma estratégia interessante.”

Além disso, é necessário fazer o que tem que ser feito. “Ninguém acorda hiper motivado pra escovar os dentes, certo? Mas você vai lá e escova. Por que? Por que se não você fica com bafo, fica com cárie e seu dente cai. Nos dias de ‘não motivação’ para ir treinar, que são a maioria dos dias, é o mesmo pensamento. Vai porque tem que ir e pronto.”

Saiba mais sobre Bruno Sapo

Os conceitos do futebol americano e os R$ 200 emprestados do pai foram suficientes para levar Bruno Sapo a se tornar uma referência em educação física. O TDS, como ficou conhecido o “Treino do Sapo”, foi desenvolvido pelo então atleta de futebol americano para jogadores profissionais, mas acabou conquistando o público geral do Rio de Janeiro.

Quebrando barreiras, agora o personal vive em São Paulo, levou seu treino para a badalada Cia Athletica. “Preto, Profissional de Educação Física, anti-racista, treinador, ex-atleta, nerd e crossfiteiro”, como se descreve Bruno, através de seus posts no Instagram, o carioca se posiciona abertamente sobre temas que muitos não teriam coragem de falar e se evidencia ainda mais por isso.


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Jojo e Gracyanne choram para se exercitar; personal aponta como problema

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