Não sei se há palavras suficientes para expressar a emoção do desfile que fechou a 10ª edição do SPFW, inspirada no sertão e nas pessoas nordestinas.
Não é à toa que a Cavalera é famosa por seus desfiles, mas talvez dessa vez, a marca se superou.
Para abrir o espetáculo, três senhoras cegas cantaram música típica nordestina, com seus chocalhos e sandálias rasteirinhas de couro trançado, bem característica do sertão, emocionando o público com suas vozes tão vivas, quanto seus olhos mortos.
As modelos entraram com o cabelo palha, típico da mulher brasileira trabalhadora sem tempo e condições de se cuidar, com muitas rendas, trançados e cores secas, que pintaram as produções de linho, algodão, chiffon ou jeans rasgado.
Depois, dois menininhos cantando música sertaneja fecharam o show, e as cadeiras velhas que decoravam a passarela foram preenchidas pelas pessoas responsáveis pelo desfile.
É muito emocionante ver o Brasil olhando para dentro de si, em muitos desfiles a inspiração foi total roots brazuca, trabalhadores do agreste, nobres de valor e coração.
“Enfim, todas nós somos caboclas, temos todas a mesma força, se preciso de cabra-macho com garra de Maria Bonita… Pois para ser tão urbana, é preciso ter fé na vida”.