Gloria Pires comentou a experiência de viver a arquiteta Lota de Macedo Soares no filme Flores Raras, na coletiva de imprensa que aconteceu na tarde desta segunda-feira (05), em São Paulo. No longa dirigido por Bruno Barreto, a personagem da atriz vive uma forte história de amor com a poetisa norte-americana Elisabeth Bishop.
“Acho que o filme veio em um momento bom, em que a discussão [sobre relacionamentos homossexuais] já estava aberta e acho que veio acrescentar. O filme mostra essas duas mulheres em uma vida comum, acho que desmistifica um pouco esse universo gay. São pessoas comuns, que têm uma expectativa de vida, têm desejos, anseios, medos, enfim, são seres humanos”, disse Gloria, referindo-se a recente polêmica envolvendo o projeto de lei que ficou conhecido como “cura gay”.
Neste trabalho, ela contracena ao lado da atriz australiana Miranda Otto, que dá vida a poetisa Elizabeth Bishop, e da norte-americana Tracy Middendorf no papel de Mary. “O filme é praticamente inteiro falado em inglês. Ist foi bastante complicado, mas eu me preocupava mais com as cenas de emoção, porque nessas horas você acaba indo pro seu lugar de conforto, tinha realmente preocupação quanto a isso, mas foi tudo bem”, contou a artista.
Gloria recebeu o convite para fazer essa personagem em 1995, antes mesmo de Bruno assumir a direção do longa. Isso porque Lucy Barreto, mãe do diretor, comprou os direitos do livro Flores Raras e Banalíssimas, escrito por Carmen L. Oliveira, chamou a atriz para fazer parte do projeto e tentou buscar alguém para assumir a produção.
“O fato de ser uma personagem homossexual não foi um problema, mas sim uma solução. Eu sempre busco desafios, trabalho como atriz há 40 e poucos anos, a maioria desse tempo fazendo televisão, novelas. Embora eu tenha sempre tentado fugir às regras, de certa forma, você fica enquadrada, no bom e no mau sentido. Quando esse convite veio para mim, dei pulos de alegria. Se o Bruno resolvesse me trocar, não ia ser fácil para ele, porque foram 17 anos esperando esse filme acontecer (risos)”, declarou a mãe de Cleo Pires.
Miranda Otto também contou a experiência de viver Elizabeth Bishop: “Eu me senti muito sortuda por receber o convite para fazer o filme. Quando recebi o e-mail falando sobre esse papel, fiquei muito feliz. Achei inacreditável a oportunidade de vir ao Brasil fazer esse papel. Fiquei encantada com toda a beleza natural daqui e da gentileza do povo. Foi uma experiência muito importante e intensa. Eu não conhecia muito a história de Elizabeth, mas depois de ler o roteiro, achei tudo brilhante, a história de duas mulheres, dois papéis femininos muito fortes e muito completos”.
Além disso, ela brincou sobre o que aprendeu a falar em português durante sua estada no Rio de Janeiro para gravar o filme: “Eu sei pedir três doses de cachaça, que é uma informação muito útil e também sei agradecer em português”.
O filme estará na abertura do 41º Festival de Cinema de Gramado, que começa dia 09 de agosto, no Rio Grande do Sul, e estreia nos cinemas de todo o Brasil no dia 16 deste mês.