Com 20 anos de carreira, Gabi Lopes interpretou inúmeros papéis, alguns parecidos com sua personalidade e outros completamente diferentes. Mas, com certeza, um dos maiores desafios da sua trajetória foi dar vida a Audra, uma viciada em cocaína, no filme “Maior Que O Mundo”. De acordo com ela, é um assunto o qual desconhecia completamente e precisou fazer um trabalho mais profundo de criação.
> Siga o novo Instagram do Virgula! Clique e fique por dentro do melhor do Entretê!
“Eu não fazia ideia do efeito, de como a pessoa ficava, só tinha assistido a filmes que tinham referências e outros personagens nesse estado, mas é bem diferente quando você vai pra campo e faz um trabalho de pesquisa mesmo. Visitei clínicas de reabilitação e foi interessante, porque conversei com pessoas que passam pelo problema ou que passaram e superaram”, conta Gabi, que conversou com médicos que cuidam de dependentes e ex-dependentes.
Eles explicaram para ela como funciona a droga no organismo, e, assim, a atriz foi compreendendo o que acontece, o que ajudou muito. “Foi um trabalho de imersão intenso. Ajudou muito ter essa opinião profissional, porque o médico estuda, entende e explica com clareza o que a droga causa no organismo, o que acontece com a pessoa que fica dependente daquele vício. Me senti muito preparada com o apoio dos médicos”, afirma a loira.
E a caracterização também foi bem intensa, ela mudou o cabelo para ruivo e colocou mega hair, o estilo também sofreu mudanças. Segundo ela, gosta de mudar para que as personagens não tenham “a mesma cara”. “Gosto de deixar o projeto distante da atriz. Querendo ou não, trabalho há muito tempo. Acho que conseguimos isso com a Audra! Ela ficou bem distante de mim”, acrescenta Gabi, que também fez algumas mudanças nos corpo.
“Em comum acordo entre direção, produção, criação e eu, chegamos à conclusão de que eu não tinha como ficar com o mesmo corpo pra viver uma dependente, porque eu tinha o corpo de uma menina saudável, que come todas as refeições e bem. Não é nem a questão do vício da droga, mas sim o estágio do vício em que a personagem se encontra, que já era crítico”, explica. Por isso, para casar as cenas com o que ela queria passar, precisou perder 12kg de forma gradual, em 3 meses, com acompanhamento médico e psicológico.
E ela reflete: “Lembro que eu era muito dedicada e me joguei mesmo nos esportes. Estava lutando, escalando, dançando e malhando todos os dias, tanto aeróbio quanto musculação. Foi tranquila a perda acompanhada. Deu uma diferença absurda, quando vejo a personagem bem magra, ruiva, me remete à Audra na hora”.
A atriz aproveita para ressaltar a importância de se jogar e interpretar personagens que sejam muito diferentes do que o ator é. “Às vezes, somos muito acostumados a fazer papel porque alguém chamou, porque somos parecidas com a personagem, então é impressionante quando você faz algo distante. Aprendi muito com a Audra, foi um presente especial. O que mais aprendi com ela é que a inconsequência tem consequências. A forma de viver inconsequente, tomar atitudes dúbias, isso tudo traz consequência”, afirma Gabi.
Ela completa, dizendo que o jovem parece um ser que esquece que tem o dia de amanhã, o futuro. “Tem até uma frase que diz: ‘O jovem se torna imortal perante seus desejos’. É preciso ser uma pessoa responsável e ter cuidados”, finaliza.