O filme "Sanxia haoren" (Still life), do chinês Jia Zhang-ke, levou neste sábado o Leão de Ouro de melhor filme da 63ª Mostra de Cinema de Veneza.

O diretor francês Alain Resnais, por sua vez, obteve o Leão de Prata de melhor direção por "Private Fears in Public Places".

O filme grande vencedor, que entrou na seleção oficial de última hora, é a crônica da vida de uma aldeia surgida durante a construção de uma represa.

Jia Zhang-Ke, de 36 anos, representante do moderno cinema independente chinês, participa pela terceira vez em Veneza, onde já apresentou "Zhantai", em 2000, e "Shije", em 2004.

O poliglota diretor da Mostra, Marco Müller, entregou o prêmio ao diretor do filme falando em mandarim. O diretor também participou na seção Horizontes com o documentário "Dong", sobre a construção de um enorme dique na região de Três Gargantas.

"Estou orgulhoso de apresentar dois filmes em Veneza, uma cidade que tem tanta água, duas obras que têm a ver com água", declarou o cineasta.
 
"Veneza e suas águas ajudam meu trabalho", brincou, dizendo ser um representante da "cultura do rio".
Já Alain Resnais, inspirador da nouvelle vague, premiado em Veneza, em 1961, por "O ano passado em Marienbad", recorda com terror desses dias pelas críticas e protestos do público contra seu filme. Hoje, com mais de 80 anos e meio século depois, recebe finalmente o importante prêmio.
 
O júri composto por Catherine Deneuve, os cineastas Bigas Luna, Cameron Crowe e Park Chan-Wook elogiou o humor agridoce e o ritmo da obra do francês, que fala de achar a felicidade impossível e da solidão.
 
O filme "Novomondo", do italiano Emanuele Crialese, sobre a emigração siciliana do início do século XX, foi escolhido como o Leão de Prata revelação.

Crialese, autor de "Respiro", premiado em 2002 em Cannes pela Semana da Crítica, narra em três atos o drama da imigração italiana para os Estados Unidos e faz uma metáfora universal, que mescla o onírico com a realidade.

A Copa Volpi, prêmio de melhor interpretação masculina do Festival de Veneza, foi concedido ao ator americano Ben Affleck, protagonista do filme "Hollywoodland", de Allen Coulter.

Já a Copa Volpi de melhor atriz foi para a inglesa Helen Mirren por sua interpretação em "The Queen", de Stephen Frears.

Affleck, que interpreta o primeiro Superman da história da televisão, nos anos 50, teve de engordar 20 kg para viver a personagem.

O prêmio não pôde ser recebido pelo ator, que se encontra em Los Angeles, mas ele enviou uma mensagem pelo celular. "Sinto-me muito satisfeito por prêmio tão importante", comentou.
 
Affleck vive o lendário ator George Reeves, o encarnou pela primeira vez o Superman, de forma incrível, simpática, charmosa e ambiciosa.

O filme trata de um dos maiores mistérios de Hollywood, quando Reeves foi achado morto em seu quarto em uma noite de junho de 1959, aparentemente por suicídio.
 
Já a célebre atriz inglesa Helen Mirren seduziu o júri presidido pela atriz francesa Catherine Deneuve por sua magistral interpretação da rainha Elizabeth II.
 
O filme, um retrato cru e divertido da família real inglesa, relata com elegância e ironia o impacto que representou para a monarquia inglesa a inesperada morte da princesa Diana.

Mirren recebeu em 2003 o título de Dama do Império Britânico e sua recente atuação no National Theater lhe valeu a indicação para o prestigioso prêmio Oliver como melhor atriz.


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Filme chinês 'Sanxia haoren' ganha Leão de Ouro no Festival de Veneza