Diferente de Perséfone, a enfermeira gordinha de Amor à Vida que vive sendo criticada por estar acima do peso até pelos mocinhos da novela, a sua intérprete Fabiana Karla diz que não percebeu se sofreu bullying e teve a ajuda da família para construir sua autoestima. As informações são do jornal O Globo deste domingo (13).
“Cresci ouvindo que era linda. E isso me ajudou. Fui criada assim. Papai, muito obrigada! Não sei se ele falava um monte de coisa boa para me agradar por eu não ter nascido com o mesmo olho azul dele e de quase todos os meus irmãos (ela tem sete irmãos por parte de pai). Mas funcionou!”, revela Fabiana em entrevista para o jornal.
E garante que esta autoestima dada pela família fez com que nem percebesse se outras pessoas faziam comentários maldosos sobre seu peso. “Se eu sofri bullying não sei, passei batida. Só se foi pelas minhas costas, mas nunca percebi”.
O peso não era alvo de piada, mas ela não passou ilesa aos tempos de criança e adolescente: “Acho que sofria mais por ter cabelo enrolado e não saber dar forma a ele, que era meio repolho, meio cotonete. Sempre achei que falavam mais do meu cabelo do que do meu corpo”.
A crueldade com que os personagens de Amor à Vida tratam Perséfone assusta a atriz. “Esse bullying é bem puxado. Creio que é puxado para quem está assistindo também. Eu me vejo como intérprete e faço o que me é proposto. Para mim, está sendo difícil emprestar esse sentimento à personagem. Quando essas cenas começaram, pensei em pessoas próximas que já foram vítimas. Mas vou ser sincera. Passei a sentir um pouco na minha pele”.
Não é a primeira vez que a atriz faz uma personagem que sofre preconceito por ser obesa. Em 2010, ela fez peça Gorda, de Neil Labute, que gira em torno de uma mulher acima do peso que se apaixona por um homem magro. No palco, ela era chamada até de porca. “Eu tenho as minhas reservas, mas naquele momento o palco me protegeu. Cheguei a posar para uma capa de revista usando maiô. Virei ícone para muitas meninas. E me senti a Leila Diniz”, diz orgulhosa.